Não me esqueci da promessa que fiz no Memória Flutuante de comentar o post sobre exames.
Só que o comentário estava a ficar enorme e resolvi transformá-lo em artigo, ficando assim mais aberto à discussão num blog que não é tão dirigido a professores.
Tal como David Justino também acho que às vezes o bom senso e o senso comum resultam melhor que muitos estudos... O pior é quando o senso comum de bom senso não tem nada!
O meu bom senso (e muitos anos de prática) diz-me que exames no 1.º ciclo nem pensar!
Nestas idades as avaliações devem ser contínuas. Até os próprios testes de avaliação trimestral não mostram aquilo de que os alunos são capazes.
Eu faço-o por uma certa obrigação e também para os pais verem a evolução dos seus meninos. Se fosse só para mim, nem preciava de os fazer...
Já no 9.º ano e como muito bem refere Varela de Freitas no seu post, a situação é diferente. Chega-se lá com 15 ou 16 anos e já se deve ter uma ideia do que se quer da vida. E o exame surgirá como um ponto de viragem: se quer continuar a estudar já está na altura de enfrentar uma selecção, pois daí para a frente as coisas não vão ser fáceis.
Por outro lado se até aí não conseguiu grandes resultados nos estudos talvez seja altura de mudar de rumo...
Mais do que investir em exames deve-se investir em cursos tecnológicos virados para a vida prática e acessíveis àqueles jovens que não gostam de estudar!
Ninguém pensa (porque se calhar não é políticamente correcto) nos direitos daqueles que não gostam de estudar. Eu, como me passam muitos pelas mãos, sei o sofrimento desses jovens que queriam ser carpinteiros, electricistas, cabeleireiras... mas que têm de penar numa escola que nada lhes diz... E depois vão reprovando ano após ano num ciclo vicioso que não é favorável nem à escola nem aos alunos!
É tão violento obrigar a estudar quem não o quer fazer como retirar da escola aqueles que gostariam de continuar os estudos.
Porque será que ninguém pensa nisso?
8 de março de 2005
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9 comentários:
Bom, venho eu fazer a ronda antes de me deitar, para fazer sono(!)e deparo-me com isto! E não é que que também acho? Será que ninguém vê e sente que é uma violência mesmo? Criar alternativas é preciso e é urgente! Os cursos tecnológicos existem, o pior são as saídas!E não só, é que afinal os tais ditos cursos tecnológicos não são tão acessíveis como deveriam ser e desistir acaba por ser o caminho mais à mão e aparentemente mais fácil.
(P.S. O teu nick vai à frente! Puseste a família e os amigos todos a votar? hehehe)
@@ MWOMAN: A família está-me a sair pior que a encomenda... são mais os amigos. Enviei um mail de campanha eleitoral! Se não recebeste é porque não tenho o teu,pois eu mandei para a lista todinha! :-)
É verdade. Conheço pessoas que tiraram cursos práticos, daqueles de 3 anos que dão equivalência ao 12º ano, e que foram muito mais felizes assim do que se tivessem que andar agarrados aos livros. Realmente há quem não goste de estudar, mas devia de haver mais alternativas para esses casos. Pode ser que comece a haver mais... Beijo grande :)
Como é óbvio estou de acordo com as opiniões expressas. Os cursos profissionais são extremamente importantes e devem de facto ser tomados em atenção por este novo governo. Desde que eles não representem um factor de discriminação social, como no passado, claro. Mas cada vez há menos esse risco. O que a Carla diz é verdade, e há alguns estudos que o comprovam. Bom post, Saltapocinhas!
Por que é que há muitos jovens que não gostam de estudar?
Não será porque a escola que hoje temos, parou no tempo e não consegue responder aos desafios que hoje se lhe colocam?
Não será porque continuamos a apostar em metodologias e soluções que já estão esgotadas?
E isso resolve-se com exames?
Que, em duas horas podem decidir sobre o trabalho de ûm ano ou mais?
Cursos profissionais? Sim, mas que não sejam uma espécie de caixote do lixo para onde se atira o refugo.
Porque estamos num país ainda muito atrasado em termos de cultura geral e de espírito de cidadania, aposto numa formação básica de qualidade e que faça,desde sempre e para todos, o contacto com a realidade profissional.
Não se pode pensar:vais para carpinteiro ou para cabeleireira ou para mecânico e, por isso, não precisas de saber matemática ou de ler e escrever convenientemente ou de falar um pouco de inglês.
Há uma base que deve ser comum a todos e a necessidade de, a certa altura, se enveredar por cursos profissionalizantes (e sempre em ligação às empresas, porque o esquema das velhas escolas comerciais e industriais já não serviria agora) não deve significar a obrigatoriedade de, precocemente, se obrigar um aluno a opcções que podem ser altamente discriminatáorias.
@@ AJCM: Não concordo com tudo o que dizes, embora concorde em parte. Mas, acredita, há crianças que não gostam mesmo da escola. Assim, sem mais, tal com eu não gosto de favas!
Temos de perder a mania de que a escola tem culpa de tudo!! E eu não falei em "mandar" as meninas para cabeleireiras... Eu falei numa menina que QUER SER cabeleireira e nunca mais se vê livre da escola! E se um dia, depois de adulta lhe apetecer nada a impede de voltar à escola!
E o menino que queria ser carpinteiro já tem agora uns 18 anos, andou na escola até ao limite de idade a aterrorizar colegas e até alguns profesores e quando, finalmente, o deixaram vir embora, já era tarde demais.. Já se tinha metido por caminhos de volta difícil!
Eu quando falo em situações, estou a vê-los à minha frente! Tem a desvantagem de poder generalizar erradamente, mas tem a vantagem de saber exactamente do que estou a falar e não a filosofar!
Pois eu sou completamente de acordo!!!!
Chamem-lhe o que quizerem, mas por favor dêm a oportunidade às crianças de saberem fazer alguma coisa, como deve de ser.
Não falo do que se aprende nas Faculdades... ou da sua aplicação prática e dos cursos, que não têm qualquer prespectiva real no mercado do trabalho.
A maioria dos nossos jovens é "quase" que obrigado a ser Dr. e depois, a aprender à sua custa, que de muito pouco lhe pode eventualmente servir.
Acabam, por fazer o que não foram preparados, para... e claro está que não o fazem bem. Além de sofrerem o diabo, por isso.
Mais um tema, real. Parabéns!
olá saltapocinhas. ainda te lembras de mim? sim, outra professora...
concordo contigo pela experiência que as aulas nos dão: há crianças que não gostam de estudar. da escola gostam e muito.
e se não gostam de estudar, ajcm, não é porque a escola esteja na mesma: eu dentro do "programa" dou as aulas como quiser, ainda tenho autonomia para isso. Inovo como eu quiser.
trabalho em chelas. tenho na minha turma cinco miudos com quinze anos ao nível do 2º ano que estariam muito melhor em cursos onde utilizassem mais as mãos em trabalhos repetitivos porque simplesmente não conseguem transpor algo aprendido para situações diferentes.não têm capacidade cognitiva.
exames? não!!!!
eu faço avaliação continua.por enquanto posso fazê-la.
abraço da leonor
olá saltapocinhas. ainda te lembras de mim? sim, outra professora...
concordo contigo pela experiência que as aulas nos dão: há crianças que não gostam de estudar. da escola gostam e muito.
e se não gostam de estudar, ajcm, não é porque a escola esteja na mesma: eu dentro do "programa" dou as aulas como quiser, ainda tenho autonomia para isso. Inovo como eu quiser.
trabalho em chelas. tenho na minha turma cinco miudos com quinze anos ao nível do 2º ano que estariam muito melhor em cursos onde utilizassem mais as mãos em trabalhos repetitivos porque simplesmente não conseguem transpor algo aprendido para situações diferentes.não têm capacidade cognitiva.
exames? não!!!!
eu faço avaliação continua.por enquanto posso fazê-la.
abraço da leonor
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