Adorava as crónicas que ele assinava na Máxima.
Vi-o duas ou três vezes na TVI mas não gostei, por isso deixei de ver...
Não gosto de fanatismos, nem que sejam clubísticos.
Consegue ser o homem que me (nos) espantou com o formidável romance "Equador", mas que disparata completamente em declarações na televisão, em crónicas de jornais e agora com uma espécie de "declaração" que circula aí pela net que dá pelo nome de "O cerco".
Aí tanto escreve coisas acertadas como logo a seguir borra a escrita com afirmações verdadeiramente repulsivas.
Não vou transcrever o texto que é enorme, só algumas declarações divididas em "boas" e "más".
Claro que é apenas a minha opinião, mas vale tanto como a dele...
"As boas"
- "fumo, incluindo charutos" (esta está incluída nas boas porque eu sou a favor da liberdade de quem fuma, desde que não seja na minha casa ou no meu carro - e cada um tome conta dos seus domínios - e quem se quer matar a fumar tem esse direito...)
- bebo
- vibro com o futebol
- acredito que as pessoas valem pelo seu mérito próprio e que quem tem valor acaba fatalmente por se impor, e por isso sou contra as quotas
- se eu escrever velho em vez de «idoso», drogado em vez de «toxicodependente», cego em vez de «invisual», preso em vez de «recluso» ou impotente em vez de «portador de disfunção eréctil», vou ser adoptado nas escolas do país como exemplo do vocabulário que não se deve usar.
"As más"
- não troco por quase nada uma caçada às perdizes entre amigos (eu sei que há muitos caçadores mas acho que não devia haver e pronto...)
- acho a tourada um espectáculo deslumbrante
- se eu tentar explicar por que razão a caça civilizada é um acto natural, chamam-me assassino dos pobres animaizinhos, sem sequer quererem perceber que os animaizinhos só existem porque há quem os crie, quem os cace e quem os coma (como se terão safado os animaizinhos antes da humanidade aparecer para os salvar??)
"As incongruências"
Por um lado diz: "deixei de acreditar que o Estado deva gastar os recursos dos contribuintes a tentar «reintegrar» as «minorias» instaladas na assistência pública, como os ciganos, os drogados, os artistas de várias especialidades ou os desempregados profissionais",
para logo depois dizer:"a Dinamarca não tem petróleo, mas é um dos países mais civilizados domundo: tem um verdadeiro Estado Social, uma sociedade aberta que pratica a igualdade de direitos a todos os níveis, respeita todas as crenças, protege todas as minorias(...)
E a melhor de todas:
"Se a uma senhora que anteontem se indignava no «Público» porque detectou um sorriso condescendente do dr. Souto Moura perante a intervenção de uma deputada, na inquirição sobre escutas na Assembleia da República, eu disser que também escutei a intervenção da deputada com um sorriso condescendente, não por ela ser mulher mas por ser notoriamente incompetente para a função, ela responder-me-ia de certeza que eu sou «machista» e jamais aceitaria que lhe invertesse a tese: que o problema não é aquela deputada ser mulher, o problema é aquela mulher ser deputada"
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