27 de setembro de 2007

Esmeralda

Não percebo completamente a parte que diz respeito à justiça, mas sei que nem tudo o que é legal é moralmente correcto.

No caso da Ana Filipa, ou Esmeralda, parece-me mesmo uma barbaridade entregar a menina ao "pai biológico".

Se o homem tem mesmo razão, o caso devia ter sido resolvido assim que foi posto em tribunal e não passado este tempo todo!
A justiça está a tratar pessoas como se de propriedades se tratasse. É uma vergonha!

Este ano tenho alunos com 5 anos e nem consigo imaginar que alguém dissesse a um deles "olha afinal o teu pai não é este senhor, a tua mãe també não é esta, agora vais morar para casa do teu pai verdadeiro que é aquele ali"

Ao contrário da pedopsiquiatra que falou no jornal da SIC, eu não acredito que seja assim fácil e inócuo o que vão fazer a esta pobre criança!

16 comentários:

Anónimo disse...

A Justiça está carregada de atropelos à própria justiça e sofrem sempre os inocentes.

Anónimo disse...

A Justiça está carregada de atropelos à própria justiça e sofrem sempre os inocentes.

snowgaze disse...

Pensa só numa coisa: há uma decisão de 2004 (quando a criança ainda não tinha 5 anos) em que o tribunal deu razão ao pai biológico. Quem não a entregou não foi obrigado a entregar a miúda (e isso eu não entendo). E mais uma coisa, dada a morosidade da "justiça", sabemos lá desde quando é que o pai biológico está a ser impedido de estar com a filha. A única certeza que tenho é que a comunicação social não nos está a contar a história toda.
E aquela miúda que foi raptada do hospital, se a raptora tivesse ficado com ela mais uns 4 anos, como era? Devia ter ficado com a criança, já que é a única mãe que alguma vez conheceu?

Anónimo disse...

Há muita gente que é da opinião de que a Esmeralda deve ficar com o casal que tomou conta dela até hoje e que nunca cumpriu as determinações do Tribunal de entregar a criança ao pai. Lembro que o pai da menina requereu a sua guarda logo três dias depois de ter tido conhecimento de que era realmente o pai. Tudo se tem infelizmente arrastado até agora.

Vou contar um história que qualquer pessoa se lembra:

A daquela menina raptada numa maternidade do Norte do país há cerca de um ano e cuja raptora está em prisão preventiva e a ser agora julgada pelo crime.

A criança estava bem tratada! Ninguém dúvida que a Sra desejou muito uma criança, tanto que correu o risco de ser descoberta (como aconteceu) e ser presa. Durante todo o tempo que tratou da menina certamente que desenvolveu por ela um sentimento de amor. Para aquela mulher, aquela criança era a sua menina.

Por outro lado, ninguém dúvida que para a menina aquela Sra. (que a raptou) era a sua mãe, pois era a única que durante todo este tempo conheceu como mãe, a tratou, brincou com ela e lhe deu carinho. A menina não compreende o que se está a passar: porque é que está longe da sua "mãe"?! Porque é que tem que ficar agora com uma mulher que desconhece (a mãe biológica). Esta criança sofreu também um choque psicológico da mudança de família.

Conclusão:
Assim, se seguirmos o raciocínio das pessoas que acham que a Esmeralda deve ficar com o casal que há muitos anos não acata ordens do Tribunal (tudo em nome do superior interesse da criança), então a criança que foi objecto de rapto também deveria permanecer com a única mulher que reconhecia como mãe. Eu não concordo!

Zé da Burra o Alentejano

cereja disse...

Também falei do caso lá no Pópulo, e não é a primeira vez. Não ouvi a SIC, mas tenho ideias muito firmes sobre este caso.
Desculpem a Snowgase, e o Zé da Burra, mas este não é um caso de tribunal ou de 'acatar ordens', está em jogo o equilíbrio psicológico de uma criança. Como a Saltapocinhas diz, qualquer menino de 4 ou 5 anos a quem dissessem que as pessoas a quem sempre chamou pais, o não eram, e teria de passar e ir viver com outras pessoas devia imaginar que estava a viver um pesadelo. Aqui não interessa tanto quem 'fez bem' ou 'fez mal' interessa o que sente a menina.
E de qualquer modo, acho muito arrevesado a comparação com uma criança que é raptada à nascença, naturalmente contra a vontade dos seus pais, (o que por si demonstra bastante perturbação da senhora que pratica esse acto) e outra que é entregue de livre vontade pela sua mãe, a um casal preparado para legalizar essa situação. Reparem que a 20 de Janeiro de 2003 os pais adoptivos fazem o pedido de adopção e em 24 de Janeiro (4 dias depois !) o Baltazar finalmente perfilha menina. Se o processo tivesse entrado um mês antes, não tinha havido história nenhuma.

Anónimo disse...

Emile
1.º) Gostava de saber qual é o homem mínimamente sensato que aceitaria a paternidade só porque a mãe lhe diz que é o pai, tendo em atenção as fundadas suspeitas que o Tribunal reconheceu. Daí a ter mandado fazer os testes de paternidade. Lembro-lhe que um Tribunal não manda fazer o teste às suas custas se não houverem dúvidas quanto à paternidade. Nesse caso teria que ser o interessado a pagá-los;
2.º) Como já referi o pai da Esmeralda requereu ao Tribunal a guarda da filha, apenas três dias depois de ter sido notificado da paternidade;

3.º) Insiste en chamar "PAIS" ao casal que tem tido a guarda de crianç, ao qual nunca chegou a ser concedida a adopção;

4.) O casal que tem tido a menina durante já muitos anos não têm acatado as ordens do Tribunal, daí o facto de terem já passado , o que eu lamento;

5.º) Se o casal tivesse tido em consideração o interesse da criança teria chegado facilmente à conclusão que o pai era a pessoa mais indicada para ficar com a criança, teria acatado as ordens do Tribunal e teria deixado passar todos estes anos porque sabia que quanto mais tempo passasse maior seria o problema, para eles e prá criança;

6.º) Qualquer criança está sujeito a um drama semelhante de deixar de repente os seus pais e passar a viver com outras pessoas, poderia referir várias maneiras de isso acontecer, mas refiro apenas uma: se os pais forem vítimas de um acidente de automóvel e ambos morrerem, a criança não terá que se adaptar a uma nova situação e até família diferente?

7.º) Com o passar do tempo a Esmeralda irá compreender a situação e não lhe vai faltar informação sobre o assunto, será que vai concordar com o rapto, a que esteve sujeita e que impediu de ter vivido sempre com o seu verdadeiro pai que a queria?

CONCLUSÃO:
O facto da menina ter cinco anos e este caso ainda se arraster tem um culpado, que é o Estado Português, que não foi capaz de investigar, julgar e fazer cumprir a sentença em tempo aceitável: Porque demoraram os testes tanto tempo? porque demorou tanto o julgamento do caso? porque não foram cumpridas sucessivas ordens do Tribunal, relativamente ao assunto?

Zé da Burra o Alentejano

cereja disse...

Vamos então por partes, já que o Zé da Burra prefere assim (mas não vou prolongar a polémica, e depois disto fico por aqui)
1º Sabe-se que o senhor foi informado do caso durante a gravidez. Este pai tão pressuroso agora, esperou meses e meses até ser chamado pelo tribunal, não é? Diz-me que «um Tribunal não manda fazer o teste às suas custas se não houverem dúvidas quanto à paternidade» e não entendo o que quer dizer. É claro que um Tribunal manda fazer testes se o pai diz que não o é. Se aceitasse isso não eram precisos testes nenhuns.
2º Realmente, como diz, por coincidência, quatro dias depois de entrar o pedido de adopção o senhor entende que afinal já que biologicamente era o pai então queria a criança. Desculpe mas, mesmo tendo dúvidas quanto à paternidade, se fosse um pai tão atento não seria natural que assim que o bebé nasceu ao menos lhe fosse deitar uma olhadela? Até, pelo sim, pelo não… Se tivesse mostrado um pingo de interesse talvez esta história fosse bem diferente.
3º Claro que chamo pais a quem tem criado como tal esta menina. É o que eles são. Nem tenho a menor dúvida. A adopção é um papel legal, a criança está adoptada de facto.
4º As ordens do tribunal podem ser injustas. Não é por ser um juiz a dizê-lo que um acto injusto passa a ser justo. Aliás se outro tribunal dissesse outra coisa (e como sabe por vezes acontece) em que se ficava?...
5º Mas em que é que se baseia para dizer que «se o casal tivesse tido em consideração o interesse da criança teria chegado facilmente à conclusão que o pai era a pessoa mais indicada para ficar com a criança» ??? Este pai era a pessoa mais indicada para ficar com a criança?? A pessoa mais indicada? Porquê?
6º Este argumento então…! Claro que se uma criança ficar órfã vai ter de viver com esse desgosto. Que, como sabe ou calcula, será terrível para ela. E poderá ir ao cemitério, pensar que eles estão no céu, e tratar desse luto como for possível. Tem alguma comparação?...
7º Aqui, deixe que lhe diga, mas o rapto será exactamente o que se está a planear fazer. Rapto é retirar à força uma criança do local onde cresceu, das pessoas a quem amam e que têm mostrado amá-la tanto que se sujeitam a tudo isto, e forçá-la a ir viver com um desconhecido.
Um último ponto: não servirá de avaliação do amor que têm a esta menina tudo o que têm passado? Se não a quisessem como filha, não seria mais fácil, logo à primeira questão dizerem «Ah querem-na? Então tomem-na lá!» e lavar as mãos do caso?!

Anónimo disse...

eu tenho a certeza que a decisão que acabou por ser tomada foi a pior possivel para a Esmeralda.
o seu interesse deveria ter sido o única a nortear a decisão e não o foi.
pobre criança.

eskisito disse...

A Pedopsiquiatra falou no que ela conseguiria fazer com a criança...e a criança em si...ela pensou nisso?
Beijos e este aqui mostra-me mesmo a trampa de país em que vivemos.

Anónimo disse...

Primeiro quero dizer que não sou jurista e as minhas opiniões baseiam-se apenas no que me parece sensato.

Houve um erro para o qual fui alertado e reconheço e que foi o seguinte: afirmei eu que “o Tribunal apenas custeava os testes de paternidade se houvessem suspeitas fundamentadas”. Porém, conforme me foi dito, o teste será sempre feito se o homem indicado como pai não reconhecer essa qualidade. Porém, há um caso em que não é assim e foi nesse que eu baseei o meu raciocínio: Se a mulher for casada o marido é automaticamente registado como pai. A sua presença nem sequer é necessária. Em caso de impugnação por parte do pai, os testes de paternidade só são feitos às custas do Tribunal se houverem suspeitas consideradas com fundamento pelo Tribunal. Conheci um caso desses!
Zé da Burra o Alentejano

Anónimo disse...

Digo que o pai é a pessoa mais indicada para ficar com a criança porque não houve nele nenhuma atitude condenável e ao facto de haver laços de sangue que se tornam automaticamente em laços afectivos também. Além disso: NUNCA LHE FOI DADA A OPORTUNIDADE DE EXERCER O PODER PATERNAL, FACE À REJEIÇÃO DA MENINA PELA MÃE!

Se a mãe nunca tem dúvidas relativamente à maternidade do seu filho ou filha, como se sabe, quanto ao pai isso não é bem assim, daí ao Sr. em causa só poder ter realmente a certeza de ser pai depois dos tais testes de paternidade. Termino como comecei o meu primeiro comentário:

Qual é o homem mínimamente sensato que aceitaria a paternidade só porque a mãe, uma Sra. com a qual teve uma relação fugaz, lhe diz que vai ser pai? Se fosse homem gostaria de saber se faria isso?

Zé da Burra o Alentejano

eMe-a-eMe disse...

Olá,
acabo de atribuir um Prémio ao Fábulas, Prémio Blog Solidário ( destas brincadeiras que passam de blog em blog).
Ficou a nomeação no Realejo.
bom fim de semana.

Setora disse...

Andei a ler o que está publicado na net sobre o assunto - acordãos, notícias de jornais regionais de há 3 ou 4 anos... e duvido que esses senhores que se apossaram da criança sejam os que, pelo seu superior interesse, a devam educar.
Suponho que nenhum de vocês iria buscar uma criança à mãe que está em dificuldades e a obrigaria a assinar um termo de afastamento absoluto. Nenhum de vocês a ameaçaria com a extradição quando passado um ano a mulher faz saber que já tem condições para ter a filha. Nenhum de vocês se arrogaria a ficar com uma criança sabendo que o pai a perfilhou e a quer consigo.
Pelo que têm feito desde o início, esse casal não quer um filho para amar e educar, parece mais querer uma propriedade. E as crianças não são propriedade de ninguém.
Do que conheço nos meus alunos acolhidos, a mágoa que está lá funda é a do abandono parental. Por razões culturais, por razões biológicas, por preconceito? Não sei, mas o telefonema dum pai/pai uma vez por ano, a notícia da mãe/mãe que nem conhecem são as maiores coisas do mundo.Como conseguiu o casal cometer tantas ilegalidades, fugir tão impunemente à justiça?
Se na verdade estimam a menina, que neste momento já sabe que aqueles não são os seus pais, teriam que a preparar psicologicamente para, sem sofrimento de maior, ir viver com a sua família. Bem ao contrário do que vêm fazendo.

Anónimo disse...

De todos os comentários, chego à triste conclusão de que os pedopsiquatras acham que se uma criança for educada por uma pessoa ou casal que a trate muito bem (?) e que não conheça os seus pais, passados uns tantos anos (?) deverá ficar definitivamente com essa família porque é a única que reconhece como sendo sendo a sua. Ser essa criança retirada à referida família é perigoso e pode provocar um terrível trauma psicológico.

Esta situação enquadra-se num caso de rapto, desde que o(s) raptor(es) trate(m) muito bem a criança e tenha(m) o cuidado de a manter afastada da sua verdadeira família durante os anos necessário para que se criem laços de amizade. Um ou dois não será o suficiente?

A quem ache que não, mas para mim esta é a preversão total dos valores por que se regem os meus princípios

Anónimo disse...

Há revisões a fazer:
De todos os comentários, chego à triste conclusão de que os pedopsiquatras acham que se uma criança for educada por uma pessoa ou casal que a trate muito bem (?), desde que não conheça os seus pais, passados uns tantos anos (?) deverá ficar definitivamente com essa família porque é a única que reconhece como sendo sendo a sua. Ser essa criança retirada à referida família é perigoso e pode provocar um terrível trauma psicológico.

Esta situação enquadra-se num caso de rapto, desde que o(s) raptor(es) trate(m) muito bem a criança e tenha(m) o cuidado de a manter afastada da sua verdadeira família durante os anos necessários para que se criem laços de amizade. Um ou dois não será o suficiente?

Para mim esta é a preversão total dos valores por que se regem os meus princípios.

Anónimo disse...

Não se trata disto nem daquilo, mas é isto mesmo que é.

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