2 de março de 2006

Clarificação do post anterior...


Ia responder aos comentários (especialmente do Varela), mas estava a ficar tão grande que resolvi escrever aqui os esclarecimentos:

Primeiro:
Eu concordo com o prolongamento dos horários.
As escolas abertas até mais tarde permitem outras actividades que assim não há oportunidade para se fazerem.
Mas discordo da maneira como isso está a ser feito, porque as crianças continuam na escola, na mesma sala de aula onde já passaram pelo menos 5 horas...
Antes disso, as escolas teriam de criar espaços para as crianças circularem e irem mudando de actividade: uma biblioteca, um laboratório, uma sala polivalente onde se pudesse, por exemplo, fazer educação física, expressão plástica, etc.
Parece complicado?
Não é: pelo menos em Aveiro essas escolas já existem no papel, uma por freguesia. Servem também de jardim-escola e têm cantinas.

Acredito que as pessoas que não entendem as reivindicações dos professores, incluindo a Ministra, não fazem ideia de como são as condições físicas na maioria das escolas: não há mais nada para além das salas de aula, as crianças lancham num coberto onde chove e onde nem do vento estão protegidas, o recreio é um espaço de terra lamacento ou poeirento conforme a época do ano.
Na minha escola chamamos pomposamente "biblioteca" a um velho armário que já nem fecha...

Segundo:
Também acho que todas as escolas de lugar único devem fechar: essas escolas não são um bom local nem para professores nem para alunos (sei do que falo, já trabalhei numa).
As crianças devem ser transportadas no mais curto espaço de tempo para uma escola com condições e principalmente onde possam conviver com outras crianças.
Neste caso acho que será preciso estudar muito bem a questão dos prolongamentos, senão estas crianças poderão ficar horas demais fora de casa e do seu meio ambiente.

Para além disto, devia haver a coragem de chamar "actividades lectivas" a todas as actividades feitas na escola.
Caímos no disparate de poder acontecer que trabalhar no barro seja "actividade lectiva" se for feita durante as cinco horas da praxe, ou "actividade não lectiva" se for feita no período de prolongamento.
Em que ficamos afinal?

Terceiro:
Amanhã (e todas as sextas) a P. trabalha das 8 às 13 com a sua turma.
Depois vai a casa, almoça, e às 15:30 tem de estar noutra escola, a 12 Km de casa dela para "tomar conta" de 13 meninos que ela não conhece.
Enquanto ela entretém os meninos a funcionária da escola, que sai à mesma hora, vai varrendo a sala...
Mas isto é normal??

E aquela treta que a Ministra diz e os sindicatos confirmam de que estas 2 horas não são para trabalhar directamente com as crianças mas sim para supervisionar os animadores que entretanto as Câmaras Municipais colocaram nas escolas não passa disso mesmo:
é treta, eu nunca vi nenhum!
Já falei com colegas de outras escolas que também nunca viram...
Mas que raio de mistério!
O primeiro que tiver visto, que se acuse!

6 comentários:

Anónimo disse...

E alguém viu?Não me parece..

Anónimo disse...

Olha, tb desconheço tal coisa... Mas sei de um Agrupamento que devia servir de exemplo: quem está a assegurar os prolongamentos são professores contratados com horário incompleto. Tenho um amigo que está a assegurar esses prolongamentos e deram-lhe mesmo a designação dessas horas como sendo expressão plástica (ele tem formação nessa área). A outro colega, colocaram-no a dar aulas de informática aos miúdos, o problema é que se esqueceram de que só há na sala de aula um computador...

Politikus disse...

Concordo perfeitamente. Só existe mais uma questão, há pais q até ao fim de semana queriam os folhos na escola, pois não estão para os aturar... bela educação paternal a nossa.

Cândido M. Varela de Freitas disse...

Afinal há concordâncias, sim senhora! E uma delas agradeço-ta, como professora, que a evidencies: tudo o que se faz na escola é curricular se tem intenção pedagógica, formativa: usando o teu termo, o "não lectivo" ou "extra-curricular" é treta! Ai penso que a Ministra andará mal aconselhada porque talvez a sua formação a desculpe de não saber do que fala (mas há muita gente assim, mesmo do ramo...)
Claro que concordo contigo que há escolas más onde é difícil cumprir, mas aí (e eu creio que já disse isto, aqui ou noutro blog) eu aprendi ao longo da vida que em Portugal se se espera que se reunam todas as condições para mudar as coisas elas nunca mudam. Teria dezenas de exemplos. E como não olhamos para os outros países mas apenas dizemos que lá fora é que é bom, cometemos às vezes grandes injustiças. Sabes que em 1985 vi, nos Estados Unidos, numa cidade do Colorado - cidade, não era em ambiente rural - uma escola com anexos em pré-fabricado, como havia em Portugal, e que aqui todos repudiavam? Sustentar uma decisão pode proporcionar que mais rapidamente se tomem as medidas para que funcione melhor.
Fico contente por concordares no essencial.

Mocho Falante disse...

ahahahahahah

então é o choque tecnológico...que faz aparecer e desaparecer de forma automática os animadores....


Grande vergonha pá que falta de respeito

beijocas

Anónimo disse...

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