1 de março de 2006

Greves? Cuidado!

Na semana passada houve, promovida pela FENPROF uma greve às aulas de substituição e aos prolongamentos do 1.º ciclo.
Das aulas de substituição não sei o suficiente para falar no assunto, mas dos prolongamentos sei:
Sei que se querem dar passos maiores que as pernas ou, dito doutra maneira, mais uma vez se quer pôr o carro à frente dos bois...
Isto porque em grande parte das escolas não há condições para dar aulas, quanto mais fazer prolongamentos!
Grande parte das escolas nem uma funcionária tem!!

Na minha escola não há prolongamento porque já funciona, por força da falta de instalações, das 8 às 18:15.
Mas os professores têm de "dar" duas horas de trabalho extra...
As minhas horas "dou-as" - até dou horas a mais - acompanhando os meus alunos ao inglês (que funciona de manhã, duas vezes por semana, numa sala da igreja).
Mas as colegas que trabalham da parte da manhã e não têm alunos no Inglês têm de "ir dar as horas" a outras escolas (uma das quais fica a uns módicos 8 Km para lá da escola onde trabalhamos!).

O que irrita no meio disto tudo é que, quando em Setembro fomos postas perante a obrigatoriedade de fazer este trabalho extra, já nos tínhamos organizado de maneira a fazer com que essas horas fossem de muita utilidade para alunos e pais...
Em Janeiro, fazem tábua rasa de tudo o que se estava a fazer, e há que "repartir" os professores pelas escolas onde não há pessoal que chegue para assegurar o prolongamento os 5 dias da semana.

Agora vem o papão do secretário de estado ameaçar que "o Ministério da Educação (ME) dispõe de um parecer jurídico que considera um abuso do direito à greve" e os advogados que consultou dizem que "esta greve deve considerar-se extensiva a toda a prestação laboral, com inerente suspensão das relações emergentes do contrato de trabalho, nomeadamente o direito à retribuição" ou seja, os professores que aderiram a esta greve correm o risco de, apesar de terem cumprido o seu horário na sua escola e de só terem faltado as duas horas de prolongamento ( das 15.30 às 17:30) ficar sem um dia de ordenado...

Mas podem ficar descansados que os sindicatos olham por nós...
A FENPROF diz que não se pode descontar assim um dia de ordenado aos professores, mas se tal acontecer (!!!!) os serviços jurídicos da Fenprof estarão à disposição dos professores para contestar essa decisão...

Eu não sou contra o prolongamento dos horários das escolas, mas tenho ainda muitas dúvidas sobre a sua utilidade.
Se são crianças de cidade, estar até às 17.30 na escola não resolve o problema dos pais - por isso os ATL continuam cheios, ninguém arredou o pé de lá...
Se são crianças de aldeia (a realidade que melhor conheço), a maior parte tem onde ficar depois das aulas.
Por outro lado também acho que estar na mesma escola das 9 da manhã até depois das 5 da tarde é uma overdose de escola.
Por mais variadas que sejam as actividades, não deixam de passar tempo demais na escola.

E, com tantas escolas a fechar no próximo ano lectivo e crianças a serem deslocadas das suas aldeias para outras aldeias ou para as vilas, também terão de fazer o prolongamento? A que horas chegarão essas crianças a casa? (atenção que estamos a falar de crianças desde os 5 anos!). E se os pais - que nesses casos são uma grande maioria pessoas que trabalham nas terras - não quiserem tanto tempo os filhos fora de casa?
Uma vez vi um filme em que os filhos eram tirados aos pais em pequeninos e devolvidos depois de grandes e "educados". Às vezes parece-me que estamos a viver uma situação parecida.
Acredito que haja pais que adoram esta ideia, que só têm pena que ainda não existam dormitórios na escola, mas a maior parte não quer e não gosta.
É que ainda há muitos pais e mães que, tão logo lhes seja possível gostam de ter os filhos junto deles!!

11 comentários:

O Turista disse...

Bem eu estou a começar o Semestre... nada de greves...
:)

Anónimo disse...

Amiga, atrasada como sempre.. PARABENS!! discolpa..

Anónimo disse...

Olá
cheguei aqui porque frequentamos o mesmo café, e porque pertencemos ambas à mesma cidade (o meu distrito natal).
Para já aqui está um texto interessantíssimo e actual. Acho que o nosso país sofre de falta de muita coisa, mas sobretudo de amor e planeamento, mas muito mais haveria a dizer... voltarei!
abraços

Cândido M. Varela de Freitas disse...

Ora cá estou a discordar... um pouquinho. Desde há muito tempo que se deveria ter reordenado o parque escolar. Não podemos continuar a viver no passado, se queremos tentar conseguir ganhar o futuro (repara: eu já escrevo "tentar"). Portugal já não é o país rural dos anos 30 e 40, quando Salazar patrocinou as escolas do plano dos Centenários. Vai haver algum desconforto nas aldeias porque a escola fecha? Vai. Pais, avós, ficam contrariados? Ficam. As crianças podem, à partida, ter algum sacrifício (levantar cedo, etc)? Podem. Mas tudo isso será compensado por irem ter uma escolaridade onde se vão socializar e ter mais e melhores aprendizagens do que na escolinha onde estavam sós ou com um reduzido número de colegas.
Continuo a dizer, por outro lado, que a escola a tempo inteiro é o modelo natural da escola: o problema é saber proporcionar às crianças (ou menos crianças) as actividades que as ajudem a crescer e a aprofundar os seus conhecimentos e a melhorar as suas atitudes. É difícil? É. Mas +é necessário, pelos mesmos motivos que é necessário encerrar escolas.
(Desculpa voltar com tanta veemência...)

Cândido M. Varela de Freitas disse...

Ora cá estou a discordar... um pouquinho. Desde há muito tempo que se deveria ter reordenado o parque escolar. Não podemos continuar a viver no passado, se queremos tentar conseguir ganhar o futuro (repara: eu já escrevo "tentar"). Portugal já não é o país rural dos anos 30 e 40, quando Salazar patrocinou as escolas do plano dos Centenários. Vai haver algum desconforto nas aldeias porque a escola fecha? Vai. Pais, avós, ficam contrariados? Ficam. As crianças podem, à partida, ter algum sacrifício (levantar cedo, etc)? Podem. Mas tudo isso será compensado por irem ter uma escolaridade onde se vão socializar e ter mais e melhores aprendizagens do que na escolinha onde estavam sós ou com um reduzido número de colegas.
Continuo a dizer, por outro lado, que a escola a tempo inteiro é o modelo natural da escola: o problema é saber proporcionar às crianças (ou menos crianças) as actividades que as ajudem a crescer e a aprofundar os seus conhecimentos e a melhorar as suas atitudes. É difícil? É. Mas +é necessário, pelos mesmos motivos que é necessário encerrar escolas.
(Desculpa voltar com tanta veemência...)

Leonor disse...

saltapocinhas...diz-me, garante-me que a fenprof toma conta, que não vacilará como algumas vezes tem vacilado...
seja como for, devagar, devagarinho as coisas aparecem de chofre completamente desaustinadas mas depois lá vai tudo ao sitio... o prolongamento está a ser preenchido com as aulas de ingles e de educação fisica. quanto ao resto dos dias ouvi dizer que animadores sociais iam tomar conta do assunto.

beijinhos da leonoreta

peciscas disse...

Estou de acordo contigo colega.
Eu tenho a experiência das aulas de substituição que, neste momento e da forma como surgiram, em vez de serem um factor de sucesso como o PM quer fazer crer, são um foco de tensão , instabilidade e indisciplina.
Nós,os professores que gostamos verdadeiramente da profissão, nunca nos recusámos a dar as horas que fossem necessárias para cumprirmos a nossa missão.
Mas, virem para a praça pública bradar que obrigam os professores a estar mais horas nas escolas porque eles, até aqui, "não faziam nenhum" só contribui para degradar ainda mais a já degradada imagem social dos professores. E isto, quer queiram, quer não, vai pagar-se muito caro no futuro.Na própria eficácia do sistema.
Não há reforma educativa que consiga concretizar-se sem os professores ou, pior ainda, contra os professores.
É elementar!
Vem nos livros!

Nina disse...

Detesto falar neste assunto pk realmente me irrita todas estas mudanças..n por serem mudanças mas sim por me fazerem sentir um boneco..o k hoje se diz amanha já n é o mesmo...é ASSIM A NOSSA MINISTRA....no 1º periodo eu era obrigada a fazer prolongamentos..em Janeiro deixou de ser obrigatorio e os meus colegas sem componente lectiva é k passaram a assegurar essas horas..agora eu "supervisiono" os meus colegas...mas isto so pode ser brincadeira....esta ministra k sente "o rabo" numa secretaria da escola e sinta o k é verdadeiramente ser-se professor no nosso país onde kerem implementar novas situações sem se aperceberem da realidade das coisas...ENFIMMMMMMMMMMMMM...

Desculpa o desabafo :s

Beijinhossssss

afigaro disse...

Deus, Pátria e Família!

Anónimo disse...

Muita coisa é dita e escrita a propósito deste assunto. No que diz respeito ao encerramento das escolas, parece-me que quem fez o estudo se limitou a olhar para um mapa e para uma quantidade de números e pensou muito pouco no bem-estar das crianças ou das famílias, ou mesmo nas condições das escolas. Estas "políticas de gabinete" acabam por não beneficiar realmente ninguém. Quanto aos prolongamentos, a mim tb me parece que em alguns casos é absurdo, tornando-se fatigante e entediante para os miúdos passarem o dia inteiro no mesmo espaço. Quanto a mim a frequência dos prolongamentos deveria ser facultativa, ou seja, os pais deveriam ter uma palavra a dizer sobre se pretendem ou não que as crianças fiquem na escola até às 5 e meia. E é como tu dizes, parece-me que essa medida acaba por trazer mais transtornos aos pais pq é uma minoria que sai dos trabalhos antes das seis horas...Inglês no 1.º ciclo? Ensino artístico? Substituição de professores? encerramento de escolas? Sim, senhor, acho tudo muito bem desde que essas medidas sejam realmente aplicadas com pertinência e adequação, o que até aqui não tem sido feito.

Anónimo disse...

Sem dúvida que andam a gozar com a classe dos professores.Já não há respeito ao ponto de mentirem com ameaças que quem fizer greve apanha.Nunca se viu disto e os sindicatos pouco têm ajudado.Apetece dizer psssss

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Margarida Espantada by Rodrigo Guedes de Carvalho My rating: 3 of 5 stars Gostei do livro mas acho que o autor exagera de mais em nomear ...