18 de setembro de 2007

Cada cavadela...

Quando a ministra da educação bota faladura, já sabemos que vêm lá mais umas pérolas de sabedoria...
Desta vez são os professores que - sádicos - adoram reprovar criancinhas!
Diz ela:

“As nossas crianças reprovam. No segundo ano de escolaridade, aos sete anos de idade, 10% das nossas crianças reprovam”,
“não se pode reprovar uma criança com sete anos, aquilo que se deve fazer é trabalhar com ela para que naquele ano atinja os objectivos”.

“Estou a apelar aos professores e às escolas para que se enquadre, para que se faça a integração efectiva dos alunos para que eles possam cumprir os objectivos”, afirmou a ministra, acrescentando que esses objectivos, definidos no currículo nacional, estão ao alcance de todas as crianças.

Diz também que,
[quando se separa] “a criança do grupo e professor inicial e se condena a um percurso falhado”.
Ai sim?

Então porque é que a professora do ano passado ficou sem colocação - na escola que teoricamente seria dela por 3 anos - e os alunos dela ficaram para mim numa turma com mais de 20 alunos e 2 anos de escolaridade?

A governante salientou ainda que “as nossas crianças não são diferentes das do resto dos países"

aqui acrescento eu: não, não são. Mas os ministros da educação se calhar são!

7 comentários:

Formiguinha disse...

Por acaso concordo contigo, foi um tópico bastante infeliz da senhora.

Bêjos

Alda Serras disse...

Há países onde isso acontece, onde os alunos não chumbam mas são países onde as escolas estão bem equipadas, possuem todos os recursos (humanos e materiais) e onde há uma cultura de educação. As autarquias e a população em geral trabalham em conjunto com a escola para o sucesso dos alunos. Em Portugal, os professores continuam a ter de fazer tudo e se alguma coisa corre mal são os únicos responsáveis.

Maria do Consultório disse...

Tens toda a razão. Não nos podemos nivelar por baixo, mas para isso têm que ser criadas condições para que possamos aspirar ao melhor e não ao possível.
beijo

Isabel Aleixo disse...

«Cada cavadela...» "cada cacetada" que eu lhe dava naquela tonta cabecita!
Não sei, porém, se desculpe a Senhora Ministra: afinal ela nem faz a mais pequena ideia do que é trabalhar com crianças numas condições aberrantes criadas pela própria e pelos seus pares, nos sucessivos governos anti-pedagógicos.
Fugir? Dá vontade...

eskisito disse...

Nem mais. Esse último parágrafo diz tudo.
Beijos

Hindy disse...

Vergonhoso!

Beijinho hindyado

Joaquim Moedas Duarte disse...

Criou-se neste país a ideia aberrante e perigosa de que o insucesso se deve apenas aos professores. A Sinistra Ministra reforça-a. Para ela tudo depende do modo como se trabalha com as criancinhas. É a teoria do Rousseau em todo o seu esplendor!
Quando há alguns anos a OCDE apontou como uma das grandes causas do insucesso escolar em Portugal o IMENSO ATRASO CULTURAL do povo português, pouca gente ligou. Mas quem trabalha nas escolas está "careca" de saber que essa é que é a grande verdade.
Não há pedagogia nem didáctica que resistam a famílias cujo acto mais cultural que praticam é o pai ir ao futebol... a mãe consumir programas da manhã das TVs generalistas... as leituras serem A BOLA e o RECCORD, a CARAS e a MARIA...os livros serem tretas...etc.
Em que mundo vive esta gente que nos governa?
Para parecerem Governos de um país de grande nível cultural toca de induzir o sucesso escolar à força, culpando os professores quando não o conseguem.
Por mim já aprendi: para uma criança ter sucesso em História e G. de Portugal - que lecciono - basta saber dizer metade do nome de D. Afonso Henriques e saber que Portugal é um país que fica na Terra...

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