Hoje roubei um post. Ainda por cima de um blog que nem tenho por hábito ler e nem sei bem como lá fui parar, mas em boa hora o fiz!
Porque tudo o que a Rititi escreve vem ao encontro daquilo que eu penso.
E como ela realmente escreve muito bem, aqui fica.
Para ler e pensar.
E podemos trocar perfeitamente (e infelizmente) Espanha por Portugal - nestas coisas não andamos nada atrasados em relação a nuestros hermanos!
«Ter filhos em Espanha transformou-se num desporto de risco, ou pelo menos assim o juram os progenitores das dezenas de menores que nos últimos meses foram apanhados a queimar mendigos (ou foram presos por gravar no telemóvel brutais sovas a transeuntes incautos ou por tentar assassinar professoras grávidas nos corredores dos liceus públicos).
Crianças legais com corpo suficiente para matar, fornicar ou insultar sem qualquer sentimento de culpa, como se os actos não tivessem consequências e os delitos estivessem fora do seu âmbito social.
Meninos – coitados – sem base emocional, e se a têm não é o suficientemente válida para os parâmetros das marcas, o tamanho da pila e o complexo de pertencer a uma tribo.
Matam, violam, gravam. Nada de mau.
Educar é traumatizante para as criaturas, castigar é sinónimo de fascismo e para o amor já não há crédito suficiente.
E depois vem a conversa do costume: o meu Cristiano, violador de deficientes mentais em descampados? A Kátia Vanessa, vendedora de pastilhas na hora do recreio? Impossível, não pode ser, juro pela minha saúde que se trata de uma infâmia, de terríveis calúnias!
A culpa é dos filmes, sotôr, da PS2 e dos videoclipes musicais que eles vêm na televisão do seu quarto (??????) enquanto eu estou a trabalhar. Sabe como é, uma mulher sai casa nem de dia é e só volta para a hora de fazer o jantar e pôr três máquinas, arrumar a casa, passar a ferro e levar o cão – do menino - à rua.
A vida não está fácil e as crianças precisam de coisas, calças de marca, ténes caros, emepetres e computadores para fazerem os trabalhos de casa: que não lhes falte de nada, minha senhora, não vá a Elisabete ficar traumatizada por comparação e a tenha que meter no psicólogo.
Para falar com eles - o que se diz conversar, saber o que lhes passa pela cabeça e o que fazem durante as horas em que eu me mato a trabalhar – estão os professores, as instituições e a coisa pública, era o que mais me faltava, porra, ter filhos para que o Estado se desentenda deles! Parir não me obriga a aturá-los e se querem ser gente que se façam à vida.
E assim vai Espanha - e o mundo - cheia de vândalos adolescentes, paridos por animais inconscientes e mais preocupados pela marca da sapatilha que pela transmissão dos valores básicos que qualquer ser humano deveria dar por adquirido. Como é possível que a gravação de aberrantes humilhações via telemóvel fique impassivelmente reprovada com horas de serviço comunitário? Como se pode entender que os filhos da classe média se divirtam assim? Estamos à espera do quê?A violência já não é a causa, mas sim a consequência de um mundo disparatado onde ninguém tem tempo para amar, castigar ou perder tempo em educar futuros adultos.»
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6 comentários:
Falou!
Saltapocinhas: Não tenho muito tempo para ler o teu post de hoje e ainda por cima "roubado"... mas não aguento sem te colocar alerta para um artigo próximo que irá surgir no meu blog. Fica atenta às novidades que em breve sairão.
Acho bem que fiques em "pulgas" e com a curiosidade aos saltos.
E mais não digo... :)
Beijinhos
Minha nossa, mas são apenas as consequências que eu alerto há anos. Filmes e videojogos violentos e as armas de plástico para o menino no Natal. Vejam em vossas casas. Tem um filho? Tem armas de brincar em plástico? Tem uma PS2, pois claro. Vejam qual será o jogo que ele gosta mais! Aposto que é de porradaria!
Costumo ler o blog da rititi e normalmente subscrevo tudo o que ela escreve,sem papas na língua e sempre certeira.Bom roubo e acho que a Rititi nem se deve importar nada!
Olha Saltapocinhas, em vez de comentário aqui, decidi-me a escrever um post na minha casa. É que é um tema que dá pano para as mangas de uma fábrica de camisas inteirinha...
É muito complicado, ver o problema a nascer, ainda no ovo, com crianças pequeninas que já fazem o que querem, e chegam a bater nos pais como já assisti. E os pais impotentes, atrapalhados, assustados...
Nem mais!
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