Desde que comecei a trabalhar, já lá vão bastantes anos, que sempre houve "professores destacados".
São professores que pertencem a uma escola mas prestam serviço noutra ou então fazem outos serviços que nada têm a ver com o curso que tiraram: trabalho nos sindicatos, nas antigas delegações e direcções escolares, etc.
Tenho colegas que saíram comigo do Magistério e nunca na vida deram aulas... Não teria nada contra esta situação não fora o facto de eles, embora não leccionando e tendo emprego garantido perto de casa, ganharem tanto como os que dão aulas e andaram anos por aí de trouxa às costas.
Também havia (e há) os destacamentos pela "lei conjugal": se tens a sorte do teu marido/mulher ser funcionário público tens a garantia de ficar a trabalhar perto de casa. Os outros... esses podem ir para onde calhar!
Há ainda os destacamentos por razões de saúde.
E aqui é onde se geram as maiores injustiças pois normalmente quem se "safa" nem são os que mais precisam... Os que realmente precisam muitas vezes já não têm direito a nada porque já não há vagas!
Acabar com todos os destacamentos e em vez disso ter a preocupação de colocar toda a gente o mais perto possível da sua residência, respeitando escrupulosamente o tempo de serviço de cada um, isso sim é fazer justiça.
E obrigar aqueles que fazem outros serviços a optar: ou vão para a sua escola ou ficam onde estão e perdem o direito à escola!
É que estes professores, num país de desempregados "acumulam" empregos: trabalham lá onde for, mas têm um lugar cativo na escola a que pertencem... E normalmente são efectivos porque, como tinham as costas quentes, podiam tentar efectivar-se a nível nacional - coisa que os outros não se podiam arriscar a fazer porque teriam de ir trabalhar para a escola que lhes calhasse!
E ainda por cima, quando ficavam efectivos passavam à frente de outros com mais tempo de serviço mas que não eram efectivos
E assim se foi perpetuando no tempo esta tremenda injustiça...
Até que ontem, sem mais nem menos, parece que resolveram acabar com os (alguns?) destacamentos...
Mas a pouco mais de dois meses do final do ano lectivo, obrigar as pessoas a mudar de escola??
Já não basta o sufoco de Setembro??
Não seria muito mais normal deixar terminar o ano e depois fazer os concursos com regras bem definidas?
E acautelar bem acautelados os direitos daqueles que tiveram entretanto a infelicidade de adoecer, mas que podem continuar a trabalhar se lhes criarem condições para isso?
Eu não sei mas parece que às vezes anda tudo doido!

Não andará?
(foto recebida por email)