Durante a quase totalidade da minha vida profissional (mais precisamente 24 anos), vivi todos os anos, por esta altura, a angústia dos concursos.
Embora nos últimos 7 ou 8 anos tenha deixado de existir o medo de "ir para longe", continuava a angústia de me despedir dos alunos, em Junho, e não saber se os iria reencontrar em Setembro.
Esta situação é horrível, cria ansiedades que não são nada saudáveis e que perduram, mesmo quando já não se justificam.
Será que nunca vai haver um ministério da educação que saiba fazer contas?
E que pensem assim "há x alunos agrupados em x turmas, portanto vamos precisar de x professores"?
E colocá-los atempadamente, e o mais possível perto das suas residências?
(no ano lectivo que acabou conhecia uma professora de Viseu colocada em Aveiro e uma professora de Aveiro colocada em Viseu!!)
E ainda, para precaver substituições temporárias, colocar alguns professores em cada agrupamento?
(e que quando não estivessem a substituir, podiam apoiar os alunos que deles necessitassem?)
E ter a coragem política de suspender os cursos de formação de professores?
Enfim, nesta altura do ano sinto pena de todos aqueles que estão agora a passar por aquilo que já passei e que não desejo a ninguém!
Com a agravante de haver agora muitos professores contratados, quando antigamente ficávamos logo afectos ao ministério e com direito ao ordenado no fim do mês.
Depois aparece o senhor presidente, muito espantado porque nascem poucas crianças!!!
Quem se arrisca a ter filhos quando não sabe nunca se tem emprego e, no caso de o ter, sem saber onde irá parar e ainda, nesse caso, se o ordenado chega para pagar as deslocações!!
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8 comentários:
Já disseste tudo... é mais um ano... Sábado estás disponível para ir ao teatro?
É infelizmente este é o estado do nosso país...e não é só na educação...
bjs
Deve ser angustiante!! É preciso ter amor á profissão para continuar ano após ano com estas condições...
Coragem política para mandar fechar cursos? O Superior é outra música... os políticos precisam de um certo Superior facilitador, como os pobres precisam de pão para a boca. Conveniências!
Que interessa que 40 mil almas fiquem à espera que um dia (saberá Deus quando) lhes apareça uma possibilidade de serem contratadas, a baixo preço, por um qualquer autarca? Interessa nada. Já o outro dizia: quem não sabe fazer nada, estuda. Assim é que é! Desemprego que é para aprenderem que estudar é tempo perdido.
É por essas histórias que aqui em casa a minha mãe ainda não conseguiu realizar o sonho de ser avó. E não me parece que o consiga tão cedo!
Boa sorte a todos :)
Bem dito!
Mesmo assim, mal por mal, e em alguns casos com muitoooooooo sacrificio, mais vale ficar colocado.
Pior são os 40 mil que não sabem o que hã-de fazer à vida ou da sua vida, porque ficaram sem colocação (mesmo no "cú do mundo").
Nem sei o que se pode dizer.
É uma classe sacrificada e incompreendida. Eu sou filha de dois professores e lembra-me no tempo da outra senhora, as economias que se faziam durante o ano (já se ganhando tão pouco porque nessa altura eram os licenciados mais mal pagos!) para ao chegar à altura de férias a família se aguentar porque não havia salário para ninguém... Quando um passou a efectivo, foi uma festa.
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