Por alturas do 25 de Abril aparecia escrito em todas as paredes esta frase: "Para trabalho igual, salário igual".
Para mim, na altura com uns ingénuos e completamente despolitizados 14 aninhos, fazia-me uma enorme confusão porque achava que sendo um princípio tão básico, nem direito tinha a ser reivindicado...
O problema é que 31 anos passados esta ainda não é uma realidade... Ainda há salários diferentes para trabalhos iguais, assim como também há salários iguais para trabalhos diferentes...
E o pior de tudo é que, no caso dos professores, essa foi uma reivindicação sindical! Não há aqui partidos inocentes, da esquerda à direita todos foram coniventes nesta aberrante injustiça.
Senão vejamos:
Em 1975 para se ser professor do 1.º ciclo bastava ter o 5.º ano (actual 9.º) e mais 2 anos de Magistério, o que perfaz 11 anos de escolaridade no total.
Em 1977 o curso do Magistério passou de 2 para 3 anos (9+3=12 anos de escolaridade).
Por essa altura, com a "invenção" do Propedêutico, muitas foram as pessoas que depois do 7.º ano do Liceu (actual 11.º) preferiram entrar num curso a fazer um compasso de espera de um ano a ver televisão... (foi o meu caso e o de muitos outros).
Este grupo tem portanto 14 anos de escolaridade.
Logo depois começaram a aparecer pessoas com o 12.º ano e mais 3 de Magistério (15 anos de escolaridade).
Todos estes professores ganhavam o mesmo e progrediam da mesma forma na carreira porque todos tinham as habilitações exigidas para o ensino - e alguns até mais do que as exigidas.
Entretanto, por obra e graça de todos os sindicatos de professores e a troco não sei de quê - mas gostava imenso de saber - resolveu-se que os professores e educadores não tinham habilitações que chegassem e há que os "licenciar".
Nesta febre de licenciaturas, muitos foram os professores e educadores que a fizeram, uns em universidades, outros a pagar balúrdios em institutos onde iam uma ou duas vezes por semana.
Foram tão importantes estas licenciaturas para a vida profissional dos docentes que alguns que a fizeram saíram dela directamente para a reforma!
Mas onde eu queria chegar era ao seguinte:
Os professores licenciados tiveram direito a mudar de escalão mais rapidamente passando à frente de colegas com mais tempo de serviço mas sem a bendita licenciatura...
E terminam a carreira no 10.º escalão enquanto os outros se ficam pelo 9.º (parece um preciosismo, mas dá dinheiro no fim do mês).
O que acontece agora é que há professores que tendo 11 anos de escolaridade mais 1 de licenciatura ganham mais do que professores que têm uma formação base de 14 ou de 15 anos, mas não têm a licenciatura.
Se isto é justo eu vou ali e já venho...
A qualidade do ensino melhorou?
Não acredito!
Os que eram bons profissionais continuam a sê-lo, os que eram maus... também!
Não quero com isto dizer que não seja bom os professores estudarem e valorizarem-se, mas não nestes moldes.
As pessoas devem ganhar pelo trabalho que fazem e não pelas habilitações que têm!...
A este propósito lembro-me sempre desta situação exemplar: tinha eu 3 ou 4 anos de serviço quando fui colocada numa escola onde a auxiliar tinha o 12.º ano e estava a iniciar um curso universitário à noite. Naquela escola, depois de mim ela era a pessoa com mais habilitações.
Que eu saiba, ganhava o mesmo que as colegas dela que tinham a 4ª classe porque as coisas são assim: ganha-se pela função que se tem, não pela habilitação.
E por que se terão os sindicatos batido tanto por isto?
Eu não quero ser má língua, mas os funcionários dos sindicatos são quase todos professores... ah, e quase todos (senão mesmo todos) licenciados, pois tempo para estudar e fazer os TPC é coisa que não lhes falta!
E se o Governo em vez de dar em cima de quem dá o litro todos os dias nas escolas, cinco horas por dia, cinco dias por semana, fosse ver onde andam os professores que, sendo meros empregados administrativos, ganham mais do que os que estão nas escolas? E os fizessem optar: "queres ganhar como um professor? Vai dar aulas"...
É que esta situação também cria uma injustiça tremenda entre os professores e os outros funcionários, que embora fazendo o mesmo trabalho ganham metade do ordenado deles...
E se nós somos um país tão pobre, como podemos dar-nos ao luxo de estar a pagar a "doutores" para fazerem serviços administrativos?
Aos sindicatos:
Já lá vai o tempo em que os sindicalistas punham em risco o seu posto de trabalho para defender as justas causas dos trabalhadores.
Agora, eles passam pelos sindicatos e logo depois aparecem como deputados ou com outros cargos partidários.
É por estas e por outras que eu não confio nos sindicalistas...
As verdadeiras e justas reivindicações dos professores, aquelas que realmente interessam, ficam lá muuuuito no fundo na sua lista de prioridades.
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18 comentários:
Sim sra, um post muito interessante! Pessoalmente até acho bem que os professores estudem mais, sem com isso querer desvalorizar os outros que até podem ser óptimos professores. Não estou muito dentro deste assunto, mas a situação é realmente injusta... Soluções?? Não sei...
Nunca estive tão de acordo com uma coisa escrita por uma profe! :))))
É mesmo isso, anda tudo a dar tiros no ar... às vezes no pé.
:)
@@ MICROBIO: Não tenho tempo agora para procurar e te dizer onde está, mas já disse sobre as férias dos professores tudo o que tinha a dizer. Além disso não percebo a tua dúvida: eu estou a comparar SÓ professores, não estou a meter mais ninguém ao barulho...
Abençoada boquinha tens tu! Não te cales nunca! Bj da Fernanda
Bom...eu fiz o antigo 7º ano do liceu e 3 anos de Magistério Primário...como tal tenho os ditos anos de escolaridade:)e quando vi colegas com menos tempo de serviço que eu a passarem-me á frente (só porque se tinham licenciado entretanto)lá fui aos para os bancos da escola novamente e andei 2 anos a tirar a licenciatura...5 dias por semana...5 horas por dia de aulas em horário pós laboral.Confesso que foi extremamente útil voltar a estudar e após tamanho sacrifio mereço estar no escalão em que estou.Quanto a férias...nós educadores de infância trabalhamos mais 1 semana no natal...mais 1 semana na páscoa e mais 15 dias(comparando com o 1º ciclo) no final de ano lectivo, porque se formos comparar com os outros graus de ensino...Bem vistas as coisas...salário igual para trabalho igual...deveriamos ganhar mais que os outros professores, pois trabalhamos mais dias e somos tão licenciados como eles.Polémico? claro que sim...mas justo.
@@ ANGELIS: Eu não tenho nada contra as colegas que se licenciaram, aliás a maior parte das minhas amigas fê-lo, e temos esta discussão muitas vezes.E fizeram-no pelo mesmo motivo que tu: ver colegas a passar-lhes á frente e a ganhar mais. Não tenho nada contra, assim como não tenho complexos de inferioridade e não me sinto menos competente.
Mas continuo a não concordar com a diferenciação de vencimentos baseada apenas na licenciatura.É aí que está o erro... A ser assim teriam de diferenciar todos os professores pelos anos de escolaridade que têm (e ainda há gente no activo com os tais 11 anos de escolaridade no total...). Quanto ao pagarem-nos o "sacrifício" também acho que não é por aí. Se assim fosse eu devia estar milionária pois nos meus 3 anos de magistério estive grávida duas vezes e tive os meus 2 filhos e não tive regalias nenhumas, nem sequer direito a faltar!!Ia para as aulas com chumaços de algodão enfiados no sutiã por causa do leite que teimava em sair...
Do outro problema que falas, o excesso de dias lectivos, aí sim pergunto eu: onde estão os sindicatos?? "Compraram" ao governo as licenciaturas a troco de que regalias? De que direitos nos (vos) forçaram a abdicar? Porque as educadoras, apesar de serem doutoras continuam aos olhos deles a servir apenas para tomar conta de crianças... Se eles encarassem a pré como uma verdadeira escola não mexiam no calendário porque as crianças (já para não falar das educadoras) precisam de férias. Mas não: as prés confundem-se com os tempos livres, ou não será?
Fala quem sabe! O que sobressai no fim da tua explanação é que muito há a fazer na área da educação. Ouvi há pouco o Prof.Silva Lopes falar da necessidade da contenção das despesas e dos abusos que são as reformas dos funcionários públicos, em geral. A situação não é fácil e os casos preocupantes que vêm a público deixam-nos sem palavras.
Por estas e por outras, as injustiças não são corrigidas e o País "emperra" em todos os lados…
muito se corrompe, mas não tudo, neste caso todos. não concordo com alguns pontos que referiste, mas não sei explicar muito bem por isso mais vale ficar calado que dizer asneira.
ashistorias.blogspot.com
ospensamentos.blogspot.com
Desculpa a pergunta...porquê que tu não te licenciaste? Afinal só tinhas que, depois de um dia de trabalho, ires para a "escolinha" durante dois anitos...todos os dias de segunda a quinta...fazer provas, exames, apresentar trabalhos....e exame final;) Não custa nada e se depois disso o resultado for um saltito na escalão...vale a pena e ficavas a ganhar mais que a minha mulher que é licenciada há muitos anos (medicina) e está no topo da carreira. Acredita que é verdade.
A questão do ensino sempre foi problemática.
Relativamente à questão professor licenciado / professor com mais anos de casa, sou forçado a discordar consigo, ou talvez não...
É que nem sempre a quantidade foi sinónimo de qualidade...
Uma coisa é certa, o ensino de hoje nada tem a ver com o ensino do meu tempo (nascido em 74). Hoje em dia um mau aluno passa de ano sem ter de estudar... No meu tempo de primária, eu tive colegas que chumbaram. E não morreram por causa disso.
A autoridade do professor à vinte anos atrás não era posta em causa, hoje em dia...
Enfim... este blog não é meu... por isso vou ficar por aqui.
@@ RT: Este blog não é teu, mas esta´aberto a comentários precisamente para isso: ouvir as opiniões dos que concordam ou discordam. E tenho muito gosto em ler tods as opiniões, não só as concordantes... E não apago comentários!
@@ FLORES: REspondi-te por mail...
É com grande consternação que leio tanto do que hoje se escreve, que ouço tanto do que se diz... e vejo todas as injustiças que estão a atingir limites inaceitáveis... Perdoa-me o "desabafo"... mas acho que preciso, também, de dizer qualquer coisa...
Tenho acompanhado os meus alunos ao longo do seu percurso escolar com dedicação total. Nunca falto, a não ser por motivos de força maior. Este ano, porque os MEUS ALUNOS me merecem a máxima consideração e estão num decisivo 12º ano, nunca faltei. Dei todas as minhas aulas com entusiasmo, porque exerço a profissão de que gosto, aquela que eu escolhi e para a qual me formei (12 anos de escolaridade+ 4 de licenciatura na Universidade do Porto+ 4 de formação pedagógica no CIFOP de Aveiro, com estágio profissional). Preparei as minhas aulas conscienciosamente, corrigi intermináveis testes, quantas vezes à noite, e em cansativos fins de semana; leccionei todo o programa, desfiz-me em explicações, certificando-me de que os alunos acompanhavam, que se sentiam preparados e "à vontade"; lutei contra o stress deles e o meu, contra as péssimas condições de salas geladas no inverno e asfixiantes no verão, animei-os quando se sentiam desmoralizados, conversei com eles muito para além do horário que "os outros" dizem que eu tenho...; participei em reuniões de acompanhamento, de avaliação, de aferição de critérios, de planificações de matérias, mesmo quando "os outros" dizem que nós estamos em férias: nos intermináveis Julho e Setembro, pelo natal, pela páscoa...; também nesses períodos (e sempre, ao longo do ano!) atendi Encarregados de Educação, fiz exames (elaboração e correcção), provas globais, relatórios, matrículas, horários e turmas; fui/sou professora, psicóloga, conselheira, mãe... mantive-me disponível a tempo inteiro para aquela que é a minha profissão, porque a abracei e as PESSOAS DOS MEUS ALUNOS, jovens a desbravar os caminhos do futuro, merecem, como já referi, a máxima consideração...
Mas estou a ficar cansada das críticas, ofensas e humilhações de que todos os professores estão a ser alvo.
Neste momento, deveria sentir o alívio de missão cumprida, porque as minhas quatro turmas de 12º ano fizeram hoje exame, correu bem e eles ficaram muito felizes - vieram dizer-mo com olhos brilhantes, "porque houve testes que tínhamos feito que visavam exactamente" aquela dimensão da grande e inesquecível Sophia de Mello Breyner, porque o tema de Cesário Verde que lhes foi proposto "tinha sido por nós abordado nas aulas", e os resumos e textos trabalhados "ajudaram-nos a ficar confiantes e a conseguir"...
É claro que tudo isto me deixa uma grande satisfação interior... mas não apaga o ressentimento perante a enorme injustiça e ingratidão que a sociedade está a dirigir a todos OS PROFESSORES, indiscriminadamente...
se calhar deveria bastar-me saber que os meus alunos me estão muito gratos - eles exprimiram-me esse agradecimento aida ontem, porque passei o dia na escola a tirar dúvidas. Mesmo com um calor asfixiante, contaram comigo (de manhã e de tarde, no único dia em que estaria mais livre esta semana!)para os ajudar a rever a matéria, a relembrar todos aqueles pormenores que às vezes o tempo se encarrega de diluir... No entanto, por cima da gratidão dos alunos, ecoam as crítivas e os sarcasmos que provêm da televisão, de acordo com os quais os professores são uma espécie de monstros egoístas, que pensam apenas em si, atropelando tudo e todos...
Vem um sr Miguel Sousa Tavares, e diz um monte de barbaridades, que revelam uma total ignorância do trabalho desenvolvido por milhares de docentes, por todo o país; a seguir, um sr Belmiro de Azevedo, não sei a que propósito ou com que autoridade, faz mais umas incríveis "descobertas" - os professores e as escolas "deseducam os alunos"! Assim, sem mais, e de forma repetida; afirmações dignas... de um processo, se os sindicatos estivessem empenhados em defender realmente os professores que representam.
Mas não. Os próprios sindicatos, que se têm calado perante tantas situações contra as quais deveriam reagir, vão agora marcar uma greve polémica - que, a meu ver, vai agudizar mais ainda os conflitos, as acusações, as desconfianças. É assim que as coisas se resolvem?
O Ministério tem que ponderar alguns atropelos graves que está a cometer relativamente aos professores; já agora, posso dizer que o meu vencimento esteve "congelado" durante três anos, por isso, se o défice aumentou, não foi por falta de sacrifícios da minha parte! E, no meu entender, as atitudes prepotentes não resolvem nada, pois todos sabemos que devemos dialogar civilizadamente, com transparência, pois só assim se consegue algo de construtivo.
Então... qual é o meu dilema, neste momento?
Não concordo, como é óbvio, com as injustiças de que os professores estão a ser alvo, mas também discordo integralmente da forma como os sindicatos estão a guiar o assunto! Não me sinto sequer capaz de fazer greve, e isso por razões profundamente humanas: tenho visto a angústia com que muitos dos alunos (meus... e não só, enfim!) vêem aproximar-se este período, e não posso imaginar-me a contribuir (ainda que involuntariamente!) poara as dúvidas e ansiedades que os assaltam. Hoje, às 8h30 da manhã, correram para mim duas alunas a chorar - mas mesmo a chorar! - em verdadeiro estado de pânico. Fiz todo o possível para as acalmar, desdramatizando, repetindo que afinal um exame não é o fim do mundo! E no fim tive a satisfação de ver que estavam felizes, sorridentes, porque afinal correu bem.
Não, perante estes factos, estas pessoas concretas, reais, porque as conheço, porque vivem uma situação decisiva, não tenho coragem de fazer greve. E muitos colegas pensam como eu.
Mas a imagem que passa não é essa - é a de Sindicatos e Ministério que se degladiam, impulsionados por meios de comunicação ávidos de discórdias. Ainda por cima, chego a uma dramática conclusão - se os meios de comunicação tivessem consciência de todo o mal que fazem aos jovens com o seu alarmismo e o serviço que prestam às especulações (para hoje nem sequer havia greve convocada!) talvez fossem mais cautelosos, em vez de lançarem a confusão com informações erradas e provocadoras.
E pronto, peço desculpa por tão longa "dissertação" (talvez não seja a hora nem o local mais adequado!) mas há momentos em que precisamos mesmo de dizer qualquer coisa... e depois, quando as palavras começam a fluir, é difícil "cortar o fio do pensamento"! Porém, agora, para compensar, não vou falar aqui por mais umas longas semanas. De facto, há mais de um mês que eu não vinha "à net", porque não tenho tido tempo (com todo o inimaginável trabalho de fim de aulas numa escola secundária de mais de mil alunos...)e a partir de segunda feira volto de novo a deixar de ter tempo: já fui convocada pelo Júri Nacional de Exames para a correcção de (quantas?) provas. É que os exames de 12º ano (de outros alunos que não os nossos!) são corrigidos por tantos e tantos professores, num enorme trabalho de grande pressão e enorme responsabilidade, criteriosamente prolongado para além de tudo o mais que há a fazer. Por isso não vou ter tempo para "navegar", nem sequer para eventualmente defender posições justas continuamente atacadas.
Ah, e já agora, gostaria de esclarecer que os exames de 12º ano (com todo o trabalho que acarretam de secretariado, vigilância e correcçao!) se prolongam até ao dia 25 de Julho, inclusive, e não terminam a 23 de Junho, como ontem noticiou um "credível" canal de televisão do nosso país!!!!!!!
Desculpem a confidência... mas estou triste!
Graça Marques
Bem me preveniste que ias escrever matéria sensível... Tive uma semana muito complicada (lá passei ao pé da tua casa, mas não a identifiquei...) e por isso nem respondi. Mas sobre este assunto penso que vale a pena reflectir melhor. Se não te importas, fá-lo-ei na Memória, remetendo para este post. Bom fim de semana!
Achei a tua análise interessante. Mas não estou com vontade de entrar no debate.
Jinhos
Devo dizer-te que concordo plenamente contigo. É uma luta que vejo a ser travada na minha família. Discutimos em volta da mesa...
E agora, percebes a minha luta pelo direito à arquitectura?
Percebes onde quero chegar quando digo que esses "macacos" à custa de muito trabalhinho 'roubadinho' enchem os bolsos com apenas um curso(se o tiverem) que não aborda metade das questões que nós abordamos?
Isto porque a lei o permite, pois em 1973 só existiam 500 arquitectos no país todo...
Bjo, obrigada pelos mails... ;)
Este teu ponto de vista não me é novidade. Tenho vindo a debatê-lo, e, de facto, concordo que se tenha de rever determinados privilégios de alguns sindicalistas que se servem da sua função para terem um destacamento confortável. A dispensa da componente lectiva também tem de ser revista, porque alguns já nem sabem o que é isso de ser professor numa sala de aula. Bem como a existência de alguns pequenos sindicatos, que julgo ser bem mais flagrante (salvaguarde-se, porém, a liberdade de expressão).
Mas isto tudo revela um problema de mentalidades, cultural, se quiseres. Então, ultimamente, os defeitos sobrepõem-se às qualidades.
«Salário igual para trabalho igual», que também era um slogan que corria nas alturas do 25, é tirar o tempero à profissão, porque há quem se sinta estimulado por isso. Pegaria antes nas progressões automáticas, que deveriam acabar, porque há quem brinque com o sistema e monte toda a sua estratégia na relação interpessoal com os alunos, do tipo: professor amigo, confidente, etc., o que pode ser uma vantagem, por vezes, é uma camuflagem. Mas avaliar professores é coisa difícil, principalmente no que toca ao encontrar de um modelo aceitável.
Mas tudo isto e mais tem de ser debatido e negociado, não imposto de uma forma demagógica, de certa maneira populista, e desrespeitadora da nossa dignidade profissional.
Daí que apelo à GREVE independentemente do sindicato que a anunciou.
Irrita-me que os sindicatos só convoquem greves por causa de vencimentos, progressões e férias... Nunca por causa de currículos dos alunos, programas, horários escolares, etc...
Daí a desconfiança...
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