2 de outubro de 2005

Professores desterrados

Ontem no Jornal da Noite da SIC deu uma reportagem impressionante acerca dos "professores desterrados".
Não se trata de gente que está no início de carreira mas sim de professores que, depois de muitos anos de serviço razoavelmente perto de casa, se encontram de repente numa situação daquelas: injusta, indecente, imoral.
Que se ande numa vida errante por 2 ou 3 anos no início da carreira é compreensível, pois tem de haver alguém para ser colocado em vagas temporárias por doença, licença de parto, etc..
Mas ao fim de 15 ou 20 anos de serviço?

A senhora ministra, tão preocupada em ter os professores nas escolas mais horas, não devia estar ainda mais preocupada com a justiça nas colocações?
Como pode um professor ou professora, a centenas de quilómetros da sua casa, da família ou de parte dela, dedicar-se aos alunos como deveria, como gostaria e como eles merecem?
A senhora ministra tão preocupada em fazer abrir as escolas por mais horas para ajudar os pais, tadinhos, e vai depois esquecer que os professores também têm família?
Ou será que isto é um sacerdócio, com direito a celibato e tudo e ninguém os avisou??

Esta situação seria aceitável se não houvesse mesmo nenhuma vaga mais perto, as pessoas teriam de se sujeitar ou mudar de profissão, mas acontece que há vagas e que essas vagas são depois ocupadas por professores com menos tempo de serviço!
Trata-se apenas de um concurso mal elaborado que permite estas aberrações.
E mais uma vez se ouviu a pergunta, pergunta essa que eu já pus aqui duas ou três vezes: para que servem os sindicatos?

27 comentários:

Leonor disse...

muito bem, margarida. muito bem.

e olha... fiquei comovida com a tua oferenda. mas pretendo nao me enganar mais, rsssssss
serviu-me de liça para o meu despassaramento.

bem hajas

afigaro disse...

Desterrados...mas com emprego!Mais não digo.

red hair disse...

Também vi a reportagem e também senti a mesma indignação!

Wakewinha disse...

Eu nem sei porque ainda leio sobre o miserável mundo dos professores! Depois deste estúpido ano de estágio, tendo de trabalhar para os outros sem receber um único tostão, não vou sequer ter a oportunidade de aquecer lugar nenhum!

Resta-me a vontade de me especializar noutra área e tentar a minha sorte fora do panorama do ensino! =S

Anónimo disse...

Vi o programa e ficaria aqui horas a comentar o que vi e ouvi. Boa semana :)

Didas disse...

Foi só por isso que desisti da profissão. Só por isso.

PARTILHAS disse...

É realmente fantástico. O respeito, que a classe politica/pública, tem pelos seus iguais...

Afinal, continua eternamente a existirem... uns mais iguais que outros...

Mas, o que me revolta realmente, são os pseudo-sindicatos... ou a classe dos professores (com as devidas excepções), que não se indigna nem se revolta, até que lhe chegue a eles...

Enquanto as classes, não resolverem, os seus problemas, dentro das suas casinhas... o conjunto da aldeia jamais se resolverá.

Mais uma vez parabéns pela tua coragem Margarida!

AJFF disse...

Não sei como ainda existem pessoas a querer ser professores!

Mocho Falante disse...

Este país mais parece a twighlight zone

Anónimo disse...

Nada me surpreende no Ministério da Educação! Cada ministro cada erro.É pena que as coisas continuem assim.Há sempre alguém que sofre e espera que as coisas melhorem.São as injustiças e quem as provoca nunca é responsabilizado.Pelos faça-se a denuncia, pode ser que deixem de tapar os ouvidos.Boa semana.

Anónimo disse...

Deve ler-se"pelo menos faça-se a den..."

Unknown disse...

a minha irmã foi desterrada para a sertã, onde é efevtiva em quadro de zona. não tem horário...

ptinha pedido destacamento para braga, mas não foi concedido, apesar do filho dela ter de ser acompanhado no hospital maria pia mensalmente. não o conseguiu porque a médica não escreveu as palavras mágicas: "necessita ser acompanhado em hospital pediátrico", apesar de fazer uma discrição do problema. como foi um funcionário público que decidiu e não um médico, lixou-se..

de referir, que em braga existiam 30 vagas por preencher para prof's de matemática...

ou seja, a minha irmã foi para a sertã não fazer nada,porque um merdas não sabe ler. pagam-lhe para tar quieta e voltam a pagar a outo prof, via concurso extra-ordinario, para dar aulas em braga, onde ela poderia estar a fazer alguma coisa...

Pedro disse...

Os sindicatos, tal e qual como estão instituidos na sociedade portuguesa, apenas servem para dividir os professores e deixar mal vista a nossa classe profissional.
Enquanto não houver uma Ordem dos Professores, com capacidade para efectivamente representar os docentes portugueses, continuaremos neste estado de coisas: professores com a casa às "costas" e a pagarem do seu bolso para poderem dar aulas...

Cândido M. Varela de Freitas disse...

Não tendo visto a reportagem, não me custa imaginá-la. O problema só se resolverá quando os sindicatos não obstaculizarem uma solução que irá, evidentemente, levantar também grandes objecções por parte de outros professores... Desde os anos 80 que este problema se arrasta, e cada vez será pior, com a quantidade de professores no sistema. Acusar o Ministério é o mais fácil. Não sei se é o mais justo.

Anónimo disse...

ATCHIM!!! Cof cof cof…. AI….. queres uma gripe? Hem??? Tás à vontade….. Bj cheio de vírus que não sou egoísta….

Anónimo disse...

Hoje é o teu(vosso) dia :) Beijinho grande e...muita paciência.

Wakewinha disse...

Parece-me que alguém, ou anda cheia de trabalho, ou resolveu aproveitar o feriado a meio da semana para pôr o descanso em dia!

A blogosfera aguarda por ti! ;)

Kalinka disse...

Pois bem, já que durante a semana é-me difícil vir com tempo para ler tudo e responder, aproveito hoje que é feriado para o fazer...
só que tal como a Wakewinha diz...
«...Parece-me que alguém, ou anda cheia de trabalho, ou resolveu aproveitar o feriado a meio da semana para pôr o descanso em dia!

É bem verdade, nota-se ausência de muitas pessoas ao fds e feriados, mas tb se compreende com estes dias de Verão, as pessoas ainda se andam a banhar por algumas praias de Portugal...em Aveiro há várias.
A blogosfera fica «quase» vazia!

Não tens aparecido no «meu cantinho» sinto a tua falta por lá.
Beijokas e Bom Feriado.

mfc disse...

Para quando sindicatos que tenham um fundo de greve que a pague aos grevistas à semelhança do q acontece na Inglaterra?!

Anónimo disse...

Posso concluir entao que nao achas imoral que um professor efective numa escola em cascos-de-rolha, apenas para garantir o emprego, e depois se candidate a uma escola bem pertinho de casa, querendo passar a frente daqueles que efectivaram como quadros de zona pedagogica?

Nao vejo onde esta a injustica. Estes professores estao EFECTIVOS numa determinada escola. Se nao gostam da escola entao que se desvinculem e concorram aos quadros de zona.

Querem tudo quentinho. Quentinho e com asa para nao se queimarem...

mfc disse...

Olá.... como vão os Golfinhos??!

Freddy disse...

No outro dia também vi isso e revoltou-me ver um senhor com 30 e muitos anos, casado e pai de filhos a viver a 300 kms de casa... Pouca vergonha!

Beijitos da Zona Franca

MFerrer disse...

Mas este coro de lamentos é patético: Os professores é que concorrem para escolas que estão longe das suas casas num concurso cujos contornos foram definidos com os sindicato !!!
Não é a ministra, como dizem, que por maldade os lá põe. São as regras do concurso e da lista ordenada.
Foram os acordos que estabeleceram no tempo do Cavaco Silva!
É uma vigarice e uma falta de honestidade intelectual essa crítica, só espelhada e com acolhimento, nos sectores que estão a fazer o frete à oposição. Como se no tempo dos governos de direita os professores não fossem colocados longe de casa!
É preciso ter um pouco de senso para atirar essas coisas para o ar.
Eles é que concorreram, com os outros professores para os lugares existentes, uns mais perto, outros mais afastados de casa.
Os critérios aplicáveis são conhecidos e transparentes.
O que não é transparente é que os contribuintes paguem ordenados a professores com horário zero ou em escolas onde a relação alunos/professores é ridícula. Querem saber?: Na Escola secundária Marquês d ePombal em Lisboa, há 116 professores inamovíveis, do quadro da escola e 180 alunos...
Nem na Suécia ou nos EEUU.
Alguém se levantou , entre os professores, para denunciar este roubo aos contribuintes?

Anónimo disse...

Na verdade os sindicatos dos professores andam muito distraídos..

saltapocinhas disse...

@@ MF:
Não costumo responder a comentários aqui, mas como este é anónimo, lá terá de ser...
Eu limitei-me a sentir pena e a exteriorizar o que sinto em relação a estes professores.
Eu compreendo que se vá parar longe por um erro de concurso, ou que se vá parar longe quando se tem pouco tempo de serviço...
Mas, da maneira como os casos foram explicados, partindo do princípio de que as pessoas estavam a falar verdade, não posso compreender...
Dizes que
"Não é a ministra, como dizem, que por maldade os lá põe. São as regras do concurso e da lista ordenada". E quem faz o raio das regras do concurso? Não é a ministra?? Se não é devia ser e, já agora devia faze-lo bem feito!
Quanto ao
"fazer o frete à oposição", isto para mim é chinês...neste blog não há governo nem oposição, há desabafos e sentimentos!
Se a escola que conheces funciona como dizes, está errado e devias denunciá-lo aqui e noutros locais mais visíveis. Também não será por incompetencia do ministério que há professores "inamovíveis"??
Mas essa incompetencia nunca se estendeu ao 1.º ciclo: cá somos todos facilmente "movíveis"!
E como pareces estar bem informada(o) não sabes que tb há continuos de escolas "inamovíveis"?
Estas situações são para denunciar por quem as conhece: não se resolvem com comentários anónimos!

Anónimo disse...

Hoje fui anular a matrícula da minha filha ao Conservatório. Com tanto tempo perdido na escola e nas estradas não houve engenho nem arte que me permitisse levá-la lá.
Doeu-me. foi-se o investimento de 4 anos...
Para a semana estão marcadas reuniões de C Turma.... lá virá o choradinho habitual - "os pais deviam acompanhar mais os filhos"....

Há sempre quem não entenda, por muito que se lhes explique, que se os profs não conseguirem tratar dos filhos deles, dificilmente terão disponibilidade mental para tratar dos filhos dos outros.

Anónimo disse...

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