31 de março de 2008

Segunda feira, dia de protesto!

Chegada à escola, a conversa é recorrente: avaliações, avaliações, avaliações...
Já muito se falou (e escreveu e discutiu) sobre este assunto, mas ainda não se disse tudo.
Por exemplo, diz-se para aí que os professores não são avaliados.
É mentira!

A ignorância de todos os especialistas em educação neste país, (cerca de dez milhões) é muita.
Porque, de há muitos anos para cá que os professores são avaliados!

Eu explico:
A carreira de professor evolui por escalões.
Só se muda para o escalão seguinte, se na avaliação se obtiver a menção "satisfaz".
Para obter "satisfaz" os professores têm de fazer um relatório crítico do seu trabalho, durante os anos em que estiveram num determinado escalão.
Desse relatório constam, entre outros assuntos, uma caracterização do meio onde se situa a a escola, da própria escola e dos alunos.

Também constam todas as actividades relevantes feitas nesse espaço de tempo, como por exemplo, métodos e estratégias utilizados, actividades com alunos dentro e fora da sala, actividades que envolvam a comunidade, etc.
Fazem ainda parte do relatório as faltas dadas e as suas justificações, assim como o resultado final obtido com a turma (ou turmas) em cada ano e também os cargos desempenhados.

Este relatório é entregue ao presidente do conselho executivo que o deve ler e apreciar.
Acontece que, apesar de estar consagrado no antigo estatuto do professor a menção de "bom" e "muito bom" isso nunca foi regulamentado, e todos os professores eram classificados com "satisfaz".

Mas, não basta o relatório para mudar de escalão!!
Também é preciso ter créditos, à razão de um por ano (cada crédito equivale a 25 horas de formação)!

Esta formação é séria e rigorosa.
As sessões são sempre em horário extra lectivo (à noite e/ou aos sábados).
Só a presença nas sessões já representa bastante trabalho, mas isso também não chega: é preciso apresentar um trabalho final (relatório ou portefolio) para finalmente ter direito aos créditos.

E também podia haver assistência a aulas, mas dentro de um determinado contexto.
Só para exemplificar, as últimas duas formações que tive foram, uma do quadro interactivo (50 horas) e outra de matemática (3 horas quinzenais, durante todo o ano lectivo).

Tanto numa como noutra, tive aulas assistidas pelo respectivo formador, que vinha observar como estavam os novos conhecimentos a ser postos em prática.

Depois ainda há a "avaliação" dos pais e da comunidade.
Às vezes um bocadinho subjectiva, mas normalmente certeira!
Toda a gente sabe onde estão bons e os menos bons professores!
(falo aqui principalmente do 1.º ciclo, onde contactamos com muitos dos encarregados de educação diariamente e que têm à vontade até para entrar na sala de aulas - e entram!)

E com isto tudo não me venham dizer que os professores não são avaliados!!

Deviam mas é parar com estas invenções ridículas e deixar os professores fazer aquilo que gostam e para que se formaram: ENSINAR!

(já agora, sabiam que esta palavra, "ensinar" não aparece vez nenhuma nos currículos?)

10 comentários:

Tia Brites disse...

Venho só aqui deixar um recado. Não sei se viste um engano que cometi lá no meu tasco com o teu nick. Foi completamente por engano! Espero que não leves a mal.

Hermínia Nadais disse...

Gostei imenso de ler isto. É veradde... verdadinha!... isso tudo que dizes... e até talvez mais... estou cá por casa desde Junho de 2001 e já naquele tempo senti na pele todos esses requisitos.
Verdade seja... que eu gostava muito do que fazia... mas que custava... custava. E que era avaliação... era.
Bjocas
Hermnínia Nadais

cereja disse...

Muito importante este post, Saltapocinhas. Tenho já tido esta discussão com algumas pessoas (e eu não sou professora!) que têm essa ideia de que «avaliação» é uma coisa que aparece agora pela primeira vez...
Como disse não sou professora, mas comecei a entender quando me falaram dos 'créditos' que eu não sabia o que era - porque formações tenho feito muitas e não entendia porque é que eram importantes, para além do óbvio (ficar-se com mais conhecimentos)

Anónimo disse...

Fazia falta um esclarecimento destes. Muito bem, Saltapocinhas! Devias encaminhar isto a toda a gente, via e-mail, para que o povo não se faça de parvo nem de ignorante!
Obrigada!

Anónimo disse...

E perceba, finalmente que afinal os únicos trabalhadores a sério que o país tem, são os professores!

PS: Faltava-me o resto da frase, no anterior comentário. Sorry!

Anónimo disse...

Seremos nós avaliados pelo combate ao insucesso(?!), pelo aproveitamento/rendimento dos alunos no final do ano(?!), pelo laxismo de alguns conselhos executivos(!!??)
NÃO ACREDITO!
Não quero acredito!

Anónimo disse...

Aliás, não quero acreditar!!!!

Anónimo disse...

O Ministério quer que cuidemos. E não que ensinemos...

Anónimo disse...

Já percebi...não te zangues...não faço parte dos (especialistas) ignorantes.

Anónimo disse...

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