13 de abril de 2005

Férias ou pausas?

O meu post anterior não tinha nada a ver com as férias da Páscoa. No entanto, como a maior parte dos "comentadores" levou o assunto para esse lado, vamos lá falar das férias dos professores...

Legalmente não se chama ao tempo sem aulas durante o ano lectivo "férias". Tem o pomposo nome de "interrupção das actividades lectivas".
Na prática são férias... Mas não são tantos dias como pode parecer à primeira vista. Antes disso há montes de burocracia para tratar, que normalmente ocupam uma semana.
Restam depois em média 4 ou 5 dias.

A profissão de professor é diferente de todas as outras profissões.
Não lidamos com papéis ou máquinas, mas com crianças, e não podemos a meio do dia, se estivermos cansados, largar tudo, ir tomar um café e voltar mais tarde para acabar o serviço.
Também não podemos pedir ao chefe para sair uma hora mais cedo ou chegar uma hora mais tarde para tratar de um assunto: ou adiamos o assunto ou faltamos.
No 1.º ciclo quando um professor falta isso tem implicações tremendas: grande parte das escolas tem uma ou duas salas de aula, não havendo como distribuir os alunos que ficam assim sem aulas.
Resumindo: o nosso trabalho não permite "pausas". Só mesmo as que as férias permitem.
E é preciso que se diga que esses pequenos períodos de férias são essenciais tanto para professores como para alunos: ninguém aguentaria tanta aula seguida!

Há tempos escrevi aqui a propósito dum senhor que estava num programa de TV a dizer que as escolas deviam ter meios para tomar conta dos alunos durante as pausas e as férias grandes! Eu teria gostado imenso de saber a opinião desse senhor acerca dele passar as suas férias no seu local de trabalho (e até aposto que ele deve trabalhar num aprazível gabinete cheio de mordomias e cházinhos...).

Os professores são também dos poucos profissionais que têm TPC.
Muitas vezes o tempo dispendido nestes trabalhos consegue ser idêntico ao passado na escola. Preparar testes, corrigi-los, trazer uma resma de livros para casa a fim de corrigir os trabalhos que os alunos lá fizeram, preparar as aulas do dia seguinte, tudo isso leva muitas horas. Só que essa parte não é visível aos de fora.

Somos também, que eu saiba os únicos empregados do estado que têm de comprar o material que utilizam no dia a dia (papel, lápis, canetas, pastas...). Com as novas tecnologias tenho de acrescentar à lista disquetes, cd's, tinta para a impressora cá de casa que quase só trabalha por conta da escola, etc., etc....
Às vezes além do nosso material ainda fornecemos do nosso bolso material aos alunos que não o têm. E quantas vezes também o lanche...

Isto não é nenhum "discurso do coitadinho".
É a constatação de uma realidade, com os seus prós e os seus contras.
Apesar de tudo, não trocava a minha profissão por nenhuma outra profissão do mundo!

16 comentários:

Anónimo disse...

à profissoes assim, mas quem faz com gosto nao se cança
fica bem

O Turista disse...

De facto, embora só seja professor há 2 meses, admito que não é tudo tão cor-de-rosa como se pinta... Eu dou aulas como sabes no superior e toda a gente acha que é uma maravilha... mas não é bem assim.... não é so dar aulas e esta feito... é preparar estas, é atender alunos, são horas e horas extra a tratar de assuntos dos cursos... enfim, muita gente queixa-se que trabalha 8 horas por dia... ha dias em que entro no Instituto as 9 e saio as 22... Porque aparecem reuniões extra, ou ha problemas que surgem, ou porque quero mesmo dar uma aula excelente...
Comisto tudo não estou a fazer de coitadinho, nada disso, mas sim de facto ser Professor não é o mar de rosas que pintam...

Mas no entanto claro, como já disseram, "quem corre por gosto não se cansa"... ;)

Cris disse...

Subscrevo da primeira à última palavra, acrescentando q muitas vezes, o professor além de pedagogo ainda tem q ser pai, mãe, amigo, confidente e enfermeiro... e, qtas vezes, psicólogo!
Mas eu tb n trocava a minha profissão por nada, mesmo tendo q me sujeitar a este sistema de concursos, a poder ter q andar com a casa às costas, a sofrer a ansiedade de n saber se fico colocada ou n... Sou professora pq gosto e é o q de melhor sei fazer na vida!

beijinho

Anónimo disse...

Adorei o texto :) Férias à parte, o que mais me tocou foi dizeres que adoras a tua profissão. Que todos fossem assim e muitos jovens de certeza não teriam vontade de deixar de estudar. Se hoje escrevo, devo-o a uma professora de Estudos Sociais que tive no 1º ano (agora é 5º, não é?). Escrevi um poeminha e ela gostou tanto que o leu em voz alta na sala e incentivou-me imenso. Nesse dia reforcei a minha convicção de que queria ser jornalista ou escritora. A minha mãe disse-me logo que como escritora, mesmo que fosse boa, não conseguiria sustentar-me :)) Mas o que aqui quero reforçar é a importância que tantos professores têm na formação da personalidade de uma criança e adolescente. Há professores que nunca esquecerei. Pelos melhores motivos, felizmente :) Beijo grande :)

Anónimo disse...

Mesmo estando na profissão que se gosta, (quem corre por gosto tambem se cansa...)devemos sempre falar do que pensamos estar mal, do que é bom ou simplesmente esclarecer o que ás vezes não é bem explicado e entendido. Deixa só esclarecer que as "mordomias" que fazes referência... intervalos para chá, café ou laranjada a meio da manhã, e aos quais posso acrescentar, idas ao wc, saida para tratar de algum assunto, indisposição, enfim... são mordomias que hoje em dia só são "permitidas" aos senhores directores. Neste País, à beira mar plantado, há muito tempo que determinadas empresas (e tu conheces algumas) descontam a simples ida ao WC no horário de trabalho. Fiquemos por aqui...

Cândido M. Varela de Freitas disse...

Bom dia!
Não podia o dia começar melhor, por ler um texto com alma mas também com razão. Muitas pessoas pedem à escola (e portanto aos professores) o que ela (eles e elas) não podem dar. Nós somos profissionais, e como tal temos o dever da dedicação (que tu tanto evidencias, e felizmente muitos e muitos colegas têm também) e os direitos de todos os outros profissionais. As férias, para alunos e professores, não são uma invenção pateta, são uma necessidade absoluta para o equilíbrio de ambos os corpos (discente e docente). Claro que eu acho que há férias a mais para os alunos no verão; mas a verdade é que os professores não têm essas mesmas férias porque são sobrecarregados de trabalho administrativo.
Dito isto, há professores que abusam? Há. Como em todas as profissões.

PARTILHAS disse...

Se todos fossem como tu!
Todos serião, bons profissionais. Responsáveis.
Sabe tão bem ler Pessoas assim.
Beijo

Anónimo disse...

E por essas e por outras, é que é das profissões mais nobres que existem, e que se devia exercer apenas por vocação! Bj da Fernanda

Dra. Laura Alho disse...

Gostei da análise e da sinceridade do texto.
Costuma-se dizer que não há vida como a de professor. Mas não é bem assim...
Um beijinho grande *

Anónimo disse...

Gostei da frontalidade do texto!

Tenho alguns amigos professores e, conheço-lhes bem as dificuldades, o amor que dedicam e os trnstornos que têm, quando por exemplo são colocados fora do seu leque habitual de escolas... e, os problemas familiares que por vezes têm por cauda disso!

Os Pais por vezes, olham só para o seu próprio umbigo, queria-os ver, em situações idênticas...

Um abraço ;-)

Didas disse...

Ah pois é! E eu concordo com quase tudo o que dizes! Há no entanto grandes diferenças a esse nível entre os professores do 1º ciclo e os dos outros ciclos e do secundário, que foi onde dei aulas. Chocava-me imenso ver as pessoas a dizer "No dia tal não posso vir à escola porque é o meu dia livre". Chocava-me imenso a redução do horário até chegarem a uma idade em que não fazem praticamente nada. Choca-me telefonar para a escola da minha filha na páscoa e responderem-me "Os senhores professores estão de férias".
É verdade que quando damos aulas somos o centro das atenções e não podemos parar um bocadinho para tomar um café. Mas também é verdade que temos outras vantagens que infelizmente a maior parte dos professores não quer ver. Só lhes fica mal, dogo eu...

Anónimo disse...

Dizes com paixão e sentes o que dizes.Sabes do que falas e não és como alguns que por desconhecimento ou por imcompetência falam sem saber do que falam.Quando se é frustado na vida o mais fácil é atirarem as culpas para cima dos outros.Nunca se assume a incompetência diz-se que os outros é que são incompetentes. Até o Miguel Sousa Tavares para dizer alguma coisa na TVI, fala sem saber e até foi ao ponto de dizer que os professores de férias tinham 90 dias no Verão, mais 15 dias de Natal, mais 15 dias da Páscoa, mais 7 dias de Carnaval e com faltas justificadas e acções de formação e até contava os fins-de-semana.Será que sobraram alguns dias do ano para as aulas?Arte por um canudo 2

mfc disse...

Sei o que é a vida de professor, não porque o seja, mas porque tenho vários na família.
Tens toda a razão no que dizes.

M.P. disse...

Olá!!Aplaudo o conteúdo do teu "post"! Ser Professor é uma profissão de alto risco (e sem ""!!!) que pouca gente reconhece como tal. Por muitas e variadíssimas razões, muitas das quais já mencionaste! **

dinorah disse...

Olá!
Olha amigo, como é obvio partilho da tua opinião, pela especial razão que tenho os mesmos sentimentos todos os dias.

Mas, por acaso, tb me farto de ouvir dizer as frases ocas, tipo: vida de prof é que é boa, nada fazem, montes de férias, belo ordenado...
Gostaria tanto que essas pessoas que assim falam, com tanta certeza na língua, tivessem estudado o suficiente para conseguirem tirar um licenciatura em ensino e serem colocadas numa escola (sim, hj não basta a licenciatura, há que conseguir ter um lugar) para que pudessem falar, não só de certeza de língua, mas também de certeza de alma... de certo, essa não a têm.

Enfim...
um beijo, bom regresso ao 3º período!

Anónimo disse...

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