No penúltimo dia de aulas, véspera do passeio ao Oceanário, fui à gaveta da secretária da sala dos professores buscar a máquina fotográfica da escola para levar.
Mas da máquina, nem vestígios...
Ao longo deste ano lectivo (e dos anteriores também) foram sempre desaparecendo coisas da escola, incluindo outra máquina fotográfica.
Desapareceu também o dinheiro da carteira de uma colega e o telemóvel (no ano passado tinha sido a minha vez e a da outra colega da tarde...).
Sempre suspeitámos de uns meninos, pois já tinham antecedentes de roubos e o telemóvel foi encontrado com um deles.
Agora com a máquina fotográfica usou-se a táctica de "pedir" à irmã mais velha, que é minha aluna, que procurasse bem lá pelo acampamento a ver se a via, a troco da promessa de a chumbar (não é gralha, ela queria mesmo chumbar porque senão ia ficar em casa, ou até casar, pois os pais não a deixam ir para o 2.º ciclo) e de um saco de ameixas...
(já estão a perceber que se tratam de meninos de etnia cigana).
Uns dias depois, já com eles em férias, aparece lá ela com a máquina fotográfica...
Estava suja e não tinha a pilha que lhe permite funcionar pelo que a levei ao fotógrafo para ver se ele resolvia o assunto.
Entretanto a mãe apareceu lá para buscar as avaliações, e eu e a auxiliar estivemos a falar com ela: que dois dos filhos dela "mexem" nas coisas da escola e dos colegas e que levam para casa, se ela visse por lá algo que não lhe pertencesse que viesse trazer à escola e blá blá blá e ela com ar compungido que sim senhor, que ia ralhar com os filhos, que batia e acontecia, porque também não admitia que eles roubassem, patati patata.
Hoje aparece-nos o fotógrafo na escola, com o rolo revelado.
Vamos todas lampeiras ver as fotos e qual não é o nosso espanto quando vimos as últimas 7 ou 8: a vida no acampamento!
Fotos de um bebé, fotos do pai com o cavalo, fotos da menina que troxe a máquina "mas não sabia de nada nem a tinha visto por lá" e... (aqui é que eu fiquei verdadeiramente má!!) fotos da mãe, em sorridentes poses...
Eu continuo a achar que não são todos ladrões, que pelo menos na nossa escola são só os desta família. Mas também acreditava na inocência da mãe...
Mas, mesmo sendo só estes, para o ano teremos na escola 5 (cinco) irmãos! E ainda há-de vir o bebé das fotos, mais ano menos ano!
E deixo uma pergunta, à laia de uma ontem num programa de televisão, em que se perguntava se a não apetência dos portugueses para a matemática seria genética:
Roubar é genético?
13 de julho de 2005
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25 comentários:
boa o teu blog e espetaculo,a minha irma tb e de aveiro vou ai em agosto he he para a esgueira uns 15 dias devo ir ate a praia da barra beijos http://redangel1.blogspot.com/
Sabes.... acho que os ciganos aproveitam TUDO o que lhes cai no colo, de proposito ou por acaso. Nem sei se fazem por mal, ou têm a noção da realidade "normal". Havias de os ver nos lavadouros cá da terra a tomarem banho, dentro dos tanques, escandalizando os velhotes! Acho que é tempo perdido tentar faze-los perceber as "nossas" regras. Bj e muita paciencia, da Fernanda
A questão da etnia cigana é muito complexa. Como é óbvio existem notórias diferenças entre eles e nós, mas isso não quer dizer que todos sejam ladrões. Agora que muitas vezes são os pais a incitar os filhos para praticarem esse tipo de actos é incontornável. Se é uma predisposição genética, isso já não sei. Até hoje ainda só tive uma aluna cigana, uma das sortudas a quem lhe foi concedido o direito de frequentar o 3.º ciclo (note-se que os ciganos estão a começar a estudar até mais tarde, mas muitas vezes é apenas para poderem usufruir de subsídios)e chocou-me vê-la nas férias de mão estendida na avenida a pedir. Acho que nunca me vou esquecer do olhar envergonhado dela, tentando esconder-se de mim. Em geral o que sinto por estas crianças é pena, dado que a maioria acaba por seguir o rumo dos pais...
não, não saltapocinhas.não é genético.
este ano eu dei aulas tu já sabes onde, num sitio onde podemos pensar que roubar está no sangue.
mas olha, nunca me desapareceu nada da sala, nem da minha mala. e eu comentei isso quando uma colega se queixou de um roubo, ao que ela me espondeu: pudera! como te havia de desaparecer coisas se tu tens o gang cá da escola.
beijinho da leonor
Deve ser uma situação complicadíssima, pois passa-se a andar desconfiado e a ter que guardar tudo a sete chaves. Penso que roubar não é genético, acho que vem mais por herança... Beijo grande.
Não, são infelizmente ensinados nisso julgo eu...
ICM
(sou a Emiéle do Afixe, mas o meu usermame não é aceite e isto vai mesmo "anónimo"...)
Olha Saltapocinhas, lá genético não acho que seja. Mas tem certamente muito a ver com valores familiares e de cultura. Obviamente que não penso que os ciganos sejam ladrões - seria muito redutor, injusto e até xenófobo, mas que é uma noção mais aceite na sua cultura, é certo. Repara que era ou são um povo de nómadas, onde a noção da propriedade privada e do colectivo tem outras proporções. Não sou muito entendida mas já me disseram que os ciganos ocidentais roubam mas raramente pedem ( o caso que a Pauxana conta é raro) ao contrário dos que agora vemos por todo o lado a pedir - em transportes, cruzamentos de ruas, etc - mas vêem de leste.
Vim experimentar e o nome entra desta forma; afinal era eu que stava acomplicar tudo!!!
Desculpa mas parti-me a rir com esta! :)))))))))
E isto de confundir Castelo Branco com Viana do Castelo é por serem muito pertinho uma da outra! :)))))))))))
VOU DE FÉRIAS! Bj e até ao mês que vem! Fernanda
dá q pensar n dá... n é genetico, neste caso os indices de aprendizagem social sao bastante obvios..
ashistorias.blogspot.com
ospensamentos.blogspot.com
AH Ahh Ah :) ... agora vais ter de lhes oferecer uma moldura, para eles colocarem as fotos lá na tenda:)... e já sei porque é que ela devolveu a máquina, não foi porque queria chumbar, mas sim porque esta ficou sem rolo:)Bjokas
Não foi bem um roubar, ele levou para um trabalho fotojornalistico LOL LOL LOL
Saltapocinhas que história!
Bjks
Olá Saltapocinhas.
Roubar é um hábito cultural; em certas sociedades os ladrões eram ± tolerados.
No caso deles é um pouco mais complicado. A sua teimosia em viver de normas antigas já os condenou á extinção como povo.
poh!!!
É cultural, é...
O que é de todos, é deles, porque papas na lingua não lhes falta!
O modo de vida Nomada que levam (alguns).
O facto de cinco ou mais famílias partilharem o mesmo espaço, com muita falta de privacidade entre eles...
O facto de tudo ser de todos, nada ser de ninguém!
Tchiii...
É complicado!
Se roubar é genético?
Pode ser e pode não ser.
Resposta altamente cientifica.
Sinto-me bem comigo mesmo.
Jinhos
Isso é um caso para o Agente Pingú da Zona Franca
Bem... que história... essa só mesmo vista... imagino a tua cara quando viste as fotografias ...
~:o)
Não me parece que seja genético, melhor, tenho a certeza de que não é.
Acredito que se o tal bébé fosse adoptado por uma família de outra etnia ele seria uma criança perfeitamente adaptada a essa outra realidade.
Quanto a mim é uma questão de cultura e educação, apenas isso. Daí a dificuldade em quebrar certas "tradições". No entanto conheço ciganos que sem renegarem a sua raça já estão perfeitamente integrados e adoptaram comportamentos completamente normais à luz da nossa cultura.
olá
Acho o blog sensasional.
Publicitem-me este blog… please…
www.musicaparacerimonias.blogspot.com
Já agora, como se põe o site nos motores de busca como o Google? (respondam para o mail)
Genético não é... mas aprende-se depressa!
Achei bastante interessante o comentário do theoldman. Na minha terra, como em tantas outras, o contrabando já foi uma actividade de bastante prestígio social.
Nao sei se é ou nao é genético, mas roubar, roubam. Em Portugal, aqui e onde estiverem..
na minha opinião n é genético, é cópia de comportamentos
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